PARA AS TURMAS E-1101 e E-1102 - PEDRO ADAMI - ABRIL 2012


TEXTO 01: Luiz Vaz de Camões – o texto apresenta uma experiência pessoal vivida pelo poeta.

Alma minha gentil, que te partiste                
Tão cedo desta vida descontente,                 
Repousa lá no Céu eternamente                    
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,          
Memória desta vida se consente,                   
Não te esqueças daquele amor ardente       
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.


TEXTO 02: Luiz Vaz de Camões – aqui, o autor trata do sentimento amoroso como uma entidade superior, universal e não como  uma experiência pessoal.

Amor é fogo que arde sem se ver;                  
É ferida que dói e não se sente;                     
É um contentamento descontente;                
É dor que desatina sem doer;

É um querer mais que bem querer;                
É solitário andar por entre a gente;             
É nunca contentar-se de contente;                
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?


 TEXTO 03: Luiz Vaz de Camões

Sete anos de pastor Jacó servia                    
Labão, pai de Raquel, serrana bela;            
Mas não servia ao pai, servia a ela,             
E a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,             
Passava, contentando-se com vê-la;             
Porém o pai, usando de cautela,                   
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa  de servir outros sete anos,
Dizendo: - Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!


TEXTO 04: MONTE CASTELO – Renato Russo

Ainda que eu falasse a língua dos homens 
E falasse a língua dos anjos,                         
Sem amor eu nada seria.                                 
É só o amor, é só o amor                                 
Que conhece o que é verdade                        
O amor é bom, não quer o mal                       
Não sente inveja ou se envaidece.                
Amor é fogo que arde sem se ver                   
É ferida que dói e não se sente                      
É um contentamento descontente                  
É dor que desatina sem doer.                         
Ainda que eu falasse a língua dos homens 
E falasse a língua dos anjos,                         
Sem amor eu nada seria.                                 
É um não querer mais que bem querer         
É solitário andar por entre a gente                              
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem,
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua
Dos homens e falasse a língua  dos anjos,
Sem amor eu nada seria.



TEXTO 05: A Carta de Pero Vaz – Murilo Mendes(escritor  modernista):

A terra é mui graciosa,                                    
Tão fértil eu nunca vi.                                     
A gente vai passear,                                         
No chão espeta um caniço,                             
No dia seguinte nasce                                     
Bengala de castão de oiro.                             
Tem goiabas, melancias,                                 
Banana que nem chuchu.                                
Quanto aos bichos, tem-nos muitos,             
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais   
Diamantes tem à vontade
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca,
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora daqui.


TEXTO 06: Gândavo descreve as frutas existentes:

                “... Uma planta se dá também nesta Província, que foi da Ilha de São Tomé, com a fruita da qual se ajudam muitas pessoas a sustentar na terra. Esta planta  é mui tenra e não muito alta, não tem ramos senão umas folhas que serão seis ou sete palmos de comprimento. A fruita dela se chama banana. Parecem-se na feição com pepinos e criam-se em cachos (...). Esta fruita é mui saborosa, e das boas que há na terra: tem uma pele como de figo(ainda que mais dura) a qual lhe lançam fora quando a querem comer: mas faz dano à saúde e causa fevre a quem se desmanda nela.”


TEXTO 07: Erro de Português – Oswald de Andrade (poeta modernista)

                Quando o português chegou          
                Debaixo duma bruta chuva            
                Vestiu o índio                                    
                Que pena!
                Fosse uma manhã de sol
                O índio tinha despido
                O português.

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