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Mostrando postagens de outubro, 2022

MARIA FIRMINA DOS REIS - NOSSA PRIMEIRA ROMANCISTA

No dia 11 de março de 1822, ano em que o Brasil, com dinheiro emprestado da Inglaterra, pagou a Portugal pela nossa independência, sem gritinho às margens do Ipiranga, nascia, no Maranhão,  MARIA FIRMINA DOS REIS. O país ainda era, oficialmente escravocrata. Ela nascera preta, mulher, nordestina, filha de uma mulata forra chamada Leonor Felipa. Pai desconhecido. Há muitos pais desconhecidos nesse país. Quase sempre cristãos (católicos / protestantes), sempre contra o aborto.  O pai desconhecido apareceu apenas na certidão de óbito de Maria Firmina, que nos deixou em 17 de novembro de 1917, quando o país já não era escravocrata,  oficialmente. O tal pai, rico, havia sido sócio do dono da mãe de Maria Firmina. Estupro à vista, num país onde estuprar mulheres negras e indígenas não era pecado contra Deus nem contra a igreja, nem crime contra o estado ou os direitos humanos. Na ancestralidade de cada um de nós existe uma mulher estuprada ou um homem estuprador ou as duas coisas. Somos frut

SOBRE CANUDOS E SEU ANTÔNIO / "OS SERTÕES" - EUCLIDES DA CUNHA

  Olha aqui, ó, o ANTONIO CONSELHEIRO, da covarde guerra de Canudos, promovida pelo covarde exército brasileiro, por ordem do covarde presidente Prudente de Morais, a pedido da covarde Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana,  NÃO foi simplesmente o beato, o fanático, o ignorante que dizem certos livros e  certas apostilas não, valeu? Toinho foi seminarista, foi professor primário e foi rábula  (advogado prático) que atendia a quem não podia pagar. Quando o bichinho viveu uma experiência de corno, não agrediu, não matou, simplesmente começou suas peregrinações de forma mais intensa. De sertão em sertão, foi parar na  Bahia, próximo  a um rio chamado Vaza Barris, onde construiu uma comunidade  de pessoas segregadas, descartadas pelo poder público e pela Santa Madre Igreja Católica: eram indígenas; negros expulsos das fazendas, SEM NADA,  com o "fim" da escravidão, por fazendeiros "de bem", quase sempre católicos; trabalhadores em situação de miséria, demitidos