PARA O SEGUNDO ANO DO NATÁLIO - TURMA 2102


TEXTO 01: CANÇÃO DO EXÍLIO – Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,            
Onde canta o sabiá;                         
As aves que aqui gorjeiam,             
Não gorjeiam como lá.                    

Nosso céu tem mais estrelas,           
Nossas várzeas têm mais flores,     
Nossos bosques têm mais vida,       
Nossa vida mais amores.                 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá.

TEXTO 02: Canção do Exílio – paródia de Murilo Mendes(modernista)

                Minha terra tem macieiras da Califórnia
                onde cantam gaturanos de Veneza.
                Os poetas da minha terra
                são pretos que vivem em torres de ametista,
                os sargentos do exército são monistas, cubistas,
                os filósofos são polacos vendendo a prestações.
                A gente não pode dormir
                com os oradores e os pernilongos.
                Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
                Eu morro sufocado em terra estrangeira.
                Nossas flores são mais bonitas
                nossas frutas mais gostosas
                mas custam cem mil réis a dúzia.
                Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade

                e ouvir um sabiá com certidão de idade!


TEXTO 03:  AMOR E MEDO – Casimiro de Abreu

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!          
Ébrio e sedento na fugaz vertigem                
Vil, machucava com meu dedo impuro         
As pobres flores da grinalda virgem!           

Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço
Anjo enlodado nos pauis da terra.

...............................................................
Se de ti fujo é que te adoro e muito,
És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!...


TEXTO 04:  VAGABUNDO – Álvares de Azevedo

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,    
Fumando meu cigarro vaporoso;                  
Nas noites de verão namoro estrelas;          
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!          

Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noites serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.

........................................................
Tenho por palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.

TEXTO 05: EMOÇÕES – Roberto Carlos

Quando eu estou aqui                                     
Eu vivo este momento lindo                            
Olhando pra você                                             
E as mesmas emoções sentindo                      
São tantas já vividas                                       
São momentos que eu não me esqueci          
Detalhes de uma vida                                      
Estórias que eu contei aqui                            
Amigos eu ganhei                                             
Saudades eu senti partindo                            
E às vezes eu deixei                                                          
Você me ver chorar sorrindo
Sei tudo que o amor é capaz de me dar
Eu sei, já sofri, mas não deixo de amar
Se chorei ou se sofri
O importante é que emoções eu vivi
Mas eu estou aqui
Vivendo este momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida e o que ela me traz
Na fé que me faz otimista de mais
Se chorei ou se sorri
 O importante é que emoções eu vivi.

TEXTO 06: NAVIO NEGREIRO – Castro Alves

Era um sonho dantesco!... o tombadilho,    
Que das luzernas avermelha o brilho,          
Em sangue a se banhar.                                  
Tinir de ferros ... estalar de açoite...             
Legiões de homens negros como a noite,     
Horrendos a dançar...                                      

Negras mulheres, suspendendo às tetas       
Magras crianças, cujas bocas pretas           
Rega o sangue das mães:                                
Outras, moças, mas nuas e espantadas,       
No turbilhão de espectros arrastadas,         
Em ânsia e mágoas vãs!                                  

No entanto o capitão manda a manobra.    
E após fitando o céu que se desdobra          
Tão puro sobre o mar,                                     
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:       
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!                                                            
Fazei-os mais dançar!...”                                

E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presas nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra.    
E após fitando o céu que se desdobra          
Tão puro sobre o mar,                                     
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:       
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!                                                            
Fazei-os mais dançar!...”                                
                                              
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...

TEXTO 07 – HAITI – Caetano Veloso e Gilberto Gil

Quando você for convidado para subir no adro
da fundação Casa de Jorge Amado
pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
dando porrada na nuca de malandros pretos
de ladrões mulatos e outros quase pretos
(e são quase todos pretos) / e os quase brancos pobres como pretos
como é que pretos, pobres e mulatos / e quase brancos quase pretos
de tão pobres são tratados......
e quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos....
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui, o Haiti é aqui.

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