PARA O TERCEIRO ANO DO CIEP 331 - TURMA 3001
O Modernismo
Pela
diversidade e amplitude dos aspectos que compõem a arte moderna, torna-se muito
difícil caracterizá-la com a mesma objetividade adotada para caracterizar movimentos(estilos
de época) anteriores.
Na
verdade, tanto na Europa quanto no Brasil, em vez de um movimento uniforme, o
que houve no início do século foram correntes artísticas que se caracterizaram
pela quebra dos valores artísticos tradicionais e pela busca de técnicas e
meios de expressão capazes de traduzir a nova realidade do século XX.
No
Brasil, a todas essas tendências
chamou-se Modernismo, movimento
equivalente ao Futurismo, para os
italianos e ao Expressionismo, para
os alemães.
A Semana de Arte Moderna: 1922.
Quando
a Europa vivia seu último movimento de vanguarda, o Surrealismo, abriu-se ao
público brasileiro o saguão do Teatro
Municipal de São Paulo, nas noites de 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, para uma série de apresentações, onde vários
artistas mostravam obras com uma nova linguagem afinada com as correntes
estéticas do começo do século.
A
Semana não foi apenas um movimento artístico, mas também político e
social(pregava a tomada de consciência da realidade brasileira). Constituiu-se
no “brado coletivo” do movimento modernista, já enraizado em várias obras,
artigos e manifestos desde 1917.
O
evento tornou-se possível graças ao apoio financeiro dos fazendeiros de café,
uma contradição, já que um dos objetivos era “assustar a burguesia que cochila
na glória de seus lucros.”
Texto 01: OS SAPOS – Manuel Bandeira
Enfunando
os papos,
Saem
da penumbra,
Aos
pulos, os sapos.
A
luz os deslumbra.
Em
ronco que aterra,
Berra
o sapo-boi:
-“Meu
pai foi à guerra”
- “Não
foi!” – “Foi!” – “Não foi!”
O
meu verso é bom.
Frumento
sem joio.
Faço
rimas com
Consoantes
de apoio.
Vai
por cinquenta anos
Que
lhes dei a norma:
Reduzi
sem danos
As
formas a forma.
Clame
a saparia
Em
críticas céticas:
Não
há mais poesia,
Mas
há artes poéticas...”
Urra
o sapo-boi:
-“Meu
pai foi rei!” – “Foi!”
-“Não foi! “ – “Foi!” – “Não foi!”
Brada em um
assomo
O
sapo-tanoeiro:
-
“A grande arte é como
Lavor de joalheiro. ..
O
sapo-tanoeiro,
Parnasiano
aguado,
Diz:
-“Meu cancioneiro
É
bem martelado.
Vede
como primo
Em
comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
Ou
bem de estatutário.
Tudo
quanto é belo,
Tudo
quanto é vário,
Canta
no martelo.
Outros,
sapos-pipas
(Um
mal em si cabe),
Falam
pelas tripas:
-“Sei!”-
“Não sabe!”- “Sabe!”
Longe
dessa grita,
Lá
onde mais densa
A
noite infinita
Verte
a sombra imensa;
Lá,
fugido ao mundo,
Sem
glória, sem fé,
No
perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido
de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
Texto 02: A Emoção
Estética na Arte Moderna
Graça Aranha, na abertura da Semana
“Para muitos de vós a curiosa e sugestiva
exposição que gloriosamente inauguramos hoje é uma aglomeração de ‘horrores’.
Aquele Gênio supliciado, aquele homem amarelo, aquele carnaval alucinante,
aquela paisagem invertida, se não são jogos da fantasia de artistas
zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida.
Não está terminado o vosso espanto. Outros ‘horrores’ vos esperam. Daqui a
pouco, juntando-se a esta coleção de disparates, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas
transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos pelas forças do passado.”
Texto 03: Menotti del
Picchia – na 2a noite do evento
“Queremos
luz, ar, ventiladores, aeroplanos, reivindicações obreiras, idealismos,
motores, chaminé de fábricas, sangue, velocidade, sonho, na nossa Arte!”
REPERCUSSÃO DO EVENTO NA IMPRENSA
DA ÉPOCA
“Foi como se
esperava, um notável fracasso a récita de ontem na pomposa Semana de Arte
Moderna, que melhor e mais acertadamente deveria chamar-se Semana de Mal – às
Artes.” (Folha da Noite – 16.02.22)
“A Semana de Arte Moderna está para acabar.
É pena, porque, com franqueza, se do ponto de vista artístico aquilo representa
o definitivo fracasso da escola futurista, como divertimento foi insuportável.”
(Jornal do Commercio – 18.02.22)
“As colunas da
seção livre deste jornal estão à disposição de todos aqueles que, atacando a
Semana de arte Moderna, defendam nosso patrimônio artístico.” (O Estado de São Paulo)
DIVULGAÇÃO
DAS IDÉIAS DA SEMANA
A partir dos acontecimentos no Teatro Municipal, divulgados pela imprensa
da época, as novas idéias encontraram adeptos por todo o país. Assim, no
período de 1922 a
1930 (primeira fase do Modernismo no Brasil) difundiram-se, por nosso cenário
cultural, diversos manifestos e grupos, além de diversas revistas:
·
Manifesto da Poesia Pau-Brasil : “A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre
nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos. - A
língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. – A contribuição milionária de todos os
erros. Como falamos. Como somos.”
·
Manifesto Antropófago: “Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente.
Filosoficamente. – Tupy or nor tupy, that is the question. – Antes dos
portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto felicidade.”
·
Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo: “Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro
delas mesmas que faremos a inevitável
renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a alma da
nossa gente, através de todas as expressões históricas. Nosso nacionalismo é verdamarelo e tupi.”
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