PARNASIANISMO


O PARNASIANISMO

            Representa uma tentativa de recuperar os ideais clássicos varridos pelo Romantismo e restabelecer o equilíbrio, a razão e a objetividade. Imitando os modelos greco-latinos, os parnasianos contentam-se em cultivar temas convencionais e aspiram ao perfeccionismo formal e ao purismo linguístico.
            Obras iniciais: Parnase Contemporain – antologias parnasianas publicadas a partir de 1866.

O Parnasianismo no Brasi: 1882 – 1893

            “Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltaram para o exame da realidade, o Parnasianismo representou, na poesia, o retorno à orientação clássica, ao princípio do belo na arte, à busca do equilíbrio e da perfeição formal. Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não no mundo exterior”.
            O Parnasianismo distancia-se da realidade, voltando-se para si mesmo. Assim, os parnasianos achavam que o objetivo maior da arte não é tratar dos problemas humanos e sociais, mas alcançar a perfeição em sua construção: rimas, métrica, imagens, vocabulário seleto, equilíbrio, etc.
            A poesia parnasiana apresenta uma linguagem muito complicada, o soneto como forma fixa, o materialismo, sentimento contido e predomínio da 3a pessoa.
            A primeira publicação considerada parnasiana propriamente dita é a obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias, mas coube a outros escritores o papel de solidificar o movimento entre nós.
            O poeta modernista Oswald de Andrade criticou, severamente, os parnasianos: “Só não se inventou uma máquina de fazer versos – já havia o poeta parnasiano.”


Principais escritores e obras:

·        Olavo  Bilac(1865 – 1918): Hino à Bandeira, Via Láctea. Sarças de Fogo, O Caçador de Esmeraldas.

·        Raimundo Correia(1860 – 1911): Primeiros Sonhos(1879 – fase romântica); Sinfonias(1883), Versos e Versões(1887) – fase parnasiana;

·        Alberto de Oliveira(1859 – 1937): Vaso grego; Vaso Chinês; O Muro;

·        Vicente de Carvalho(1866-1924): Ardentias e Relicários; Rosa, rosa de amor; Poemas e Canções;


·        Luís Guimarães Júnior(1845 – 1898): Visita à Casa Paterna;

·        Francisca Júlia (1871 – 1920): Os Argonautas.


TEXTO 01: VASO CHINÊS – Alberto de Oliveira

Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o                     
Casualmente, uma vez, de um perfumado       
Contador sobre o mármor luzidio           
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,              
Nele pusera o coração doentio                                                  
Em rubras flores de um sutil lavrado,     
Na tinta ardente, de um calor sombrio.  

Mas, talvez por contraste à  desventura-
Quem o sabe? – de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura:

Que arte, em pintá-la! A gente acaso
                                   [vendo-a
Sentia um não sei quê  com aquele chim
De olhos cortados à feição amêndoa.


TEXTO 2 - MUSA IMPASSÍVEL – Francisca Júlia

I
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho; e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.

Em teus olhos não quero a lágrima; não quero
Em tua boca o suave e idílico descante.
Celebra ora um fantasma anguiforme de Dante,
Ora o vulto marcial de um guerreiro de Homero.

Dá-me o hemistíquio d'ouro, a imagem atrativa;
A rima, cujo som, de uma harmonia crebra,
Cante aos ouvidos d'alma; a estrofe limpa e viva;

Versos que lembrem, com seus bárbaros ruídos,
Ora o áspero rumor de um calhau que se quebra,
Ora o surdo rumor de mármores partidos.

II
Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o impassível mora.

Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!
Longe, acima do mundo, imensidade em fora,
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.

Transporta-me de vez, numa ascensão ardente,
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,

E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo
Passarem, através das brumas seculares,
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.


Publicado no livro Mármores (1895).
In: JÚLIA, Francisca. Poesias. Introd. e notas Péricles Eugênio da Silva Ramos. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 196


QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA

1.    (Uneb – BA)

São características parnasianas:

a – perfeição formal, preciosismo linguístico, objetivismo e desprezo pela arte útil.

b – preocupação excessiva com a forma, análise determinista do homem, subjetivismo e universalismo.

– desprezo pela forma requintada, preocupação político-social, objetivismo e individualismo.

d – forma requintada, “arte-sugestão”, subjetivismo exacerbado e análise psicológica do homem.

e – impassibilidade (distanciamento das emoções), “poesia científica”, pessoalidade e tematização da natureza.

2.    (FEI-SP)
Leia com atenção:
 “O objetivo da “arte pela arte” é o Belo, a criação da beleza pelo uso perfeito dos recursos artísticos; nesse sentido, levaram ao exagero o culto do ritmo, da rima e do vocabulário”;
“A partir de 1883, este movimento se define na Literatura Brasileira, sobretudo com os versos de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac”.
Assinale a alternativa que indica o movimento de que tratam os fragmentos acima:

a – Modernismo
b – Parnasianismo
c – Concretismo
d – Simbolismo
e – Naturalismo


3 – (FMU) Rio Abaixo

Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga…

Quase noite. Ao sabor do curso lento

Da água, que as margens em redor alaga,

Seguimos. Curva os bambuais o vento.

Vivo há pouco, de púrpura sangrento,

Desmaia agora o Ocaso. A noite apaga

A derradeira luz do firmamento…

Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga,

Um silêncio tristíssimo por tudo

Se espalha. Mas a lua lentamente

Surge na fímbria do horizonte mudo:

E o seu reflexo pálido, embebido

como um gládio de prata na corrente

Rasga o seio do rio adormecido.

(Olavo Bilac)

Bilac sobressaiu-se entre os poetas de seu tempo e, mesmo, da Literatura Brasileira. É dele também

a) Esbraseia o Ocidente na agonia

O sol… Aves em bandos destacados,

b) Olha estas velhas árvores, mais belas

Do que as árvores novas, mais amigas.

c) Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce…

d) Ó formas alvas, brancas, formas claras

de luares, de neves, de nebrinas!…

e) Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar…


4 – (PUC-RS) Vila Rica

“O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como brasão.
[...]
Como uma procissão espectral que se move …
Dobra o sino… Soluça um verso de Dirceu …
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.”
O poema, pertencente ao autor de “Profissão de Fé”, não segue rigidamente o padrão ___________ no que se refere à ___________.
a) romântico / idealização do mundo
b) simbolista / busca do eu profundo
c) parnasiano / alienação dos problemas sociais
d) simbolista / inteligibilidade sintática
e) parnasiano / sonoridade dos versos

5 –

A lua banha a solitária estrada…
Silêncio!… Mais além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada…
E o bosque estala, move-se, estremece…
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha…
E o silêncio outra vez soturno desce…
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha…
A lua banha a solitária estrada…
Silêncio!… Mais além, confuso e brando,
O som longínquo vem-se aproximando
Do galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;
Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.
E as trompas a soar vão agitando
O remanso da noite embalsamada…
E o bosque estala, move-se, estremece…
Da cavalgada o estrépito que aumenta
Perde-se após no centro da montanha…
E o silêncio outra vez soturno desce…
E límpida, sem mácula, alvacenta
A lua a estrada solitária banha…

Todos os traços são próprios do Parnasianismo e ocorrem no poema acima, EXCETO:

a) apreço por poemas de forma fixa, como o soneto.
b) atmosfera mística, de contornos indefinidos.
c) exaltação da vida, dos jogos, do prazer.
d) paisagem exterior, rica de plasticidade.
e) riqueza de ritmos e nobreza vocabular.



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