O CLASSICISMO PORTUGUÊS
CLASSICISMO: 1527 –
1580 / PORTUGAL
A literatura renascentista
caracteriza-se por imitar as obras de escritores da Antiguidade Clássica
greco-latina; por isso é chamada de Classicismo.
Assim, o Classicismo do século XVI é a expressão literária de um movimento
mais amplo, o Renascimento, que
envolveu as artes, a ciência e a cultura em geral.
Luiz
Vaz de Camões é o poeta que melhor traduziu os anseios do homem português
renascentista; é autor de Os Lusíadas,
epopeia que narra os feitos heróicos dos
portugueses (lusos), que, liderados por Vasco da Gama, lançaram-se ao mar numa
época em que ainda se acreditava em monstros marinhos e abismos.
As epopéias greco-latinas apresentam
um herói, cuja força e coragem aproximam-no dos deuses. Esse herói centraliza
completamente as ações da narrativa, cujo objetivo é, unicamente, destacar suas
qualidades. No caso de Os Lusíadas,
o herói é todo o povo português, representado, na viagem, por Vasco da Gama.
A linguagem clássico-renascentista
apresenta duas grandes novidades: o racionalismo,
que valoriza mais os conceitos e a razão que os sentimentos, e o universalismo, que valoriza os temas
universais e não mais as experiências individuais.
Ao lado da épica, a lírica de
Camões vem a ser um dos pontos altos da poesia do século XVI e uma das maiores
expressões literárias em nossa língua.
TEXTO 01: Luiz Vaz de Camões – o texto apresenta uma experiência pessoal vivida pelo poeta.
Alma
minha gentil, que te partiste
Tão
cedo desta vida descontente,
Repousa
lá no Céu eternamente
E viva
eu cá na terra sempre triste.
Se lá
no assento etéreo, onde subiste,
Memória
desta vida se consente,
Não te
esqueças daquele amor ardente
Que já
nos olhos meus tão puro viste.
E se
vires que pode merecer-te
Alguma
cousa a dor que me ficou
Da
mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a
Deus, que teus anos encurtou,
Que tão
cedo de cá me leve a ver-te,
Quão
cedo de meus olhos te levou.
TEXTO 02: Luiz Vaz de Camões – aqui, o autor trata do sentimento amoroso como uma
entidade superior, universal e não
como uma experiência pessoal.
Amor é
fogo que arde sem se ver;
É
ferida que dói e não se sente;
É um
contentamento descontente;
É dor
que desatina sem doer;
É um
querer mais que bem querer;
É
solitário andar por entre a gente;
É nunca
contentar-se de contente;
É
cuidar que se ganha em se perder;
É
querer estar preso por vontade;
É
servir a quem vence, o vencedor;
É ter
com quem nos mata lealdade.
Mas
como causar pode seu favor
Nos
corações humanos amizade,
Se tão
contrário a si é o mesmo Amor?
TEXTO 03: Luiz Vaz de Camões
Sete
anos de pastor Jacó servia
Labão,
pai de Raquel, serrana bela;
Mas não
servia ao pai, servia a ela,
E a ela
só por prêmio pretendia.
Os
dias, na esperança de um só dia,
Passava,
contentando-se com vê-la;
Porém o
pai, usando de cautela,
Em
lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o
triste pastor que com enganos
Lhe
fora assim negada a sua pastora,
Como se
a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo:
- Mais servira, se não fora
Para
tão longo amor tão curta a vida!
TEXTO 04: MONTE CASTELO –
Renato Russo
Ainda
que eu falasse a língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos,
Sem
amor eu nada seria.
É só o
amor, é só o amor
Que
conhece o que é verdade
O amor
é bom, não quer o mal
Não
sente inveja ou se envaidece.
Amor é
fogo que arde sem se ver
É
ferida que dói e não se sente
É um
contentamento descontente
É dor
que desatina sem doer.
Ainda
que eu falasse a língua dos homens
E
falasse a língua dos anjos,
Sem
amor eu nada seria.
É um
não querer mais que bem querer
É
solitário andar por entre a gente
É um
não contentar-se de contente
É
cuidar que se ganha em se perder.
É um
estar-se preso por vontade
É
servir a quem vence, o vencedor;
É um
ter com quem nos mata lealdade.
Tão
contrário a si é o mesmo amor.
Estou
acordado e todos dormem,
Todos
dormem, todos dormem
Agora
vejo em parte
Mas
então veremos face a face.
É só o
amor, é só o amor
Que
conhece o que é verdade.
Ainda
que eu falasse a língua
Dos
homens e falasse a língua
dos
anjos,
Sem
amor eu nada seria.
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