O HUMANISMO EM PORTUGAL
HUMANISMO:
1418 - 1527
A produção literária portuguesa da segunda época medieval
representa um momento de transição
entre a literatura trovadoresca e o
Renascimento, do século XVI. Como em toda transição, o velho e o novo
conviviam. Dessa forma, ao mesmo tempo que se mantinham alguns aspectos das
cantigas (a idealização amorosa, por exemplo), aspectos novos surgiram,
preparando a literatura renascentista, como, por exemplo, a poesia amorosa de
fundo sensual.
CONTEXTO
HISTÓRICO
- Final do FEUDALISMO
- Início do MERCANTILISMO;
- Transição entre a Idade
Média e o Renascimento;
- Aparecimento dos BURGOS, gerando uma nova classe social:
a BURGUESIA;
- O TEOCENTRISMO da Idade Média vai dando lugar ao ANTROPOCENTRISMO do RENACIMENTO.
A produção humanista portuguesa
pode ser organizada da seguinte forma:
PROSA: as
crônicas históricas de Fernão Lopes;
POESIA: a
poesia palaciana;
TEATRO: a
dramaturgia de Gil Vicente (autos e
farsas);
O
AUTO é uma
peça de teatro com fundo moralizante;
A
FARSA é uma crítica de
costumes, carregada de deboche e ironia.
A
TRIOLOGIA DAS BARCAS: a BARCA DA GLÓRIA, O PURGATÓRIO E A BARCA DO INFERNO. Cada
uma dessas barcas tem um BARQUEIRO que
julga cada candidato que vai chegando após a morte.
A
BARCA DA GLÓRIA: o parvo,
que representa os pobres, os oprimidos, o povo; e os cavaleiros templários, “que lutaram pela fé”, para citar dois
exemplos, têm direito ao céu e são logo recebidos pelo barqueiro.
A
BARCA DO INFERNO: o agiota; o frade; o sapateiro, que oferece um serviço de baixa
qualidade e alto preço; para citar apenas três exemplos, são recebidos nessa
barca e encaminhados para o inferno, apesar de suas justificativas, de seus
argumentos. E sobre o frade que se corrompeu em nome da fé, Gil Vicente
acrescenta: “... porque o inferno também é lugar de frades...”
FARSA
“O VELHO DA HORTA”: É a história de um velho que se apaixona
por uma mocinha e gasta toda a sua fortuna para conquistá-la.
A
PROSA
O prestígio que teve a prosa, em Portugal, no século XV,
deve-se, principalmente, aos méritos de Fernão Lopes, o primeiro cronista e historiador
português (crônicas de costumes).
A
POESIA PALACIANA
Diferente das cantigas trovadorescas, que eram cantadas e
dançadas, a poesia palaciana distanciou-se do acompanhamento musical, do canto
e da dança, passando a ser lida ou declamada.
Quanto ao conteúdo, embora a poesia palaciana tenha
retomado os temas do Trovadorismo, acrescentou-lhes aspectos novos inspirados
na atmosfera do Renascimento emergente.
Observe
a concepção de amor existente nos dois textos a seguir:
TEXTO
01: de Aires Teles
Meu
amor, tanto vos quero,
que
deseja o coração
mil
coisas contra a razão.
Porque
se não vos quisesse,
como
poderia ter
desejo
que me viesse
do
que nunca pode ser.
Mas
com tanto desespero,
tenho
em mim tanta afeição
que deseja o coração.
TEXTO
02: do Conde de Vimioso
Meu
amor, tanto vos amo,
que
meu desejo não ousa
desejar
nenhuma cousa.
Porque,
se a desejasse,
logo
a esperaria,
e
se eu a esperasse,
sei
que vós anojaria;
mil
vezes a morte chamo
e
meu desejo não ousa
desejar-me
outra cousa.
O primeiro texto defende que
todo amor deve ser acompanhado de desejo, sem o qual o verdadeiro amor não
existe. Já o segundo, compreende que o ponto alto do amor está em nada desejar,
porque o desejo conduz à realização e ao prazer, que destrói o amor.
EXERCÍCIOS
CANTIGA,
PARTINDO-SE – João Roiz de Castelo Branco
Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Tam tristes, tam saudosos,
Tam doentes da partida
Tam cansados, tam chorosos,
Da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d’esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
OBS.:
Esse “TAM” que aparece no poema é o
nosso atual “TÃO”.
1.Releia os quatro versos
iniciais da Segunda estrofe. Qual é a palavra responsável pela marcação rítmica
do texto?
2.No verso “tam doentes da
partida”, observamos o emprego da aliteração. Retire do texto outro verso em
que tal recurso esteja presente.
3.Na primeira estrofe do
poema é empregada uma sinédoque. Identifique-a.
4.No poema lido, podem ser
encontrados vestígios tanto das cantigas de amigo quanto das cantigas de amor.
Isso demonstra que a poesia palaciana ainda não tinha se desligado plenamente
da herança trovadoresca, dela fazendo uso.
a)No poema em estudo, está
presente o mesmo tema: a partida do namorado. Entretanto, há uma diferença
fundamental quanto ao eu-lírico. Quem fala no poema?
b) Tal qual nas cantigas de
amor, o poeta se dirige à senhora, falando-lhe de seu sofrimento amoroso. Há,
entretanto, uma mudança quanto à sua postura perante a mulher amada, como se verifica
nesses versos: “Senhora, partem tam tristes / meus olhos por vós, meu
bem.” Que nova postura assume o
eu-lírico perante a mulher amada? Destaque a expressão que justifica sua
resposta.
5.Por que o Humanismo é considerado um período de
transição?
6.Quanto à poesia, qual foi a grande novidade da época
humanista?
7. Relacione:
T – Trovadorismo e H – Humanismo.
a) ( ) Gil Vicente
b) ( ) Transição entre teocentrismo e
antropocentrismo.
c) ( ) Prosa didática
d) ( ) Poesia palaciana
e) ( ) Novela de Cavalaria
f) ( ) Vassalagem amorosa
g) ( ) Separação entre poesia e música
h) ( ) O
português ainda não está consolidado como língua literária independente.
i) ( ) Teatro vicentino
8. Estabeleça a diferença básica entre teocentrismo e
antropocentrismo.
9. A Idade Média também é conhecida como “Idade das Trevas”.
Por quê?
10. Comente a expressão “o homem é a medida de todas as coisas”,
indicando a que estilo de época está relacionada.
11. “Nunca atacava instituições: atacava, sim, os homens que nela
prevaricavam. Na sátira ao clero, cuja soltura de costumes vinha-se se
agravando a partir dos fins da Idade Média, não fazia mais do que colaborar com
a própria Igreja no trabalho de preservação dos inocentes e de recuperação dos
religiosos transviados.” A que escritor se refere o texto de Segismundo Spina?
Situe-o, historicamente, na literatura portuguesa.
12. Aponte a
alternativa correta quanto a Gil vicente.
a) ( ) Compôs peças de caráter sacro e satírico.
b) ( ) Introduziu a lírica trovadoresca em
Portugal.
c) ( ) Representa o melhor do teatro clássico
português.
13. Caracteriza
o teatro de Gil vicente:
a) ( ) a revolta contra o Cristianismo.
b) ( ) a preocupação com o homem e com a religião.
c) ( ) a busca de conceitos universais.
d) ( ) a obra escrita em prosa.
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