O ROMANTISMO
O ROMANTISMO NA LITERATURA
Fala-se no fim do romantismo, todavia apesar dos jovens
terem inventado o verbo “ficar”, que contraria todas as normas românticas
tradicionais, o escritor moderno Marcos Rey expressa, de uma forma divertida,
uma opinião diferente:
“...não é impossível o retorno do romantismo ainda neste
século. Há algumas evidências assinalando mudanças. Aumentou,
inexplicavelmente, em todo o globo, o número de casamentos. Um novo tipo
de radar localizou algumas virgens
maiores de 18 anos em diversos países. As doceiras andam felizes com os pedidos
de bolos de noiva. O soneto está de volta. Quem diria! E também a coladinha...
refiro-me à dança de rosto colado, pele sobre pele, respiração sincopada,
quando as orquestras, mesmo com o salão lotado, tocavam só para dois.”
O tipo de romantismo a que
se refere o escritor não é a mesma coisa que o Romantismo na arte. Este também
está relacionado aos sentimentos, entretanto foi muito mais que isso. Foi um
amplo movimento que surgiu no século XIX e representou, artisticamente, os
anseios da burguesia, que havia acabado de chegar ao poder na França.
Características
da linguagem romântica(conteúdo)
SUBJETIVISMO: o
artista romântico trata dos assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o que
sente, fazendo um recorde subjetivo e idealizado da realidade que o cerca.
“Nosso
Céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas
têm mais flores,
Nossos
bosques têm mais vida, / Nossa vida mais amores.”
IDEALIZAÇÃO: O
romântico trata os assuntos, em geral, não da maneira como são, mas como
deveriam ser segundo sua ótica pessoal: a pátria é sempre perfeita; a mulher é
sempre uma virgem delicada, frágil, submissa e inatingível; o amor é espiritual
e inalcançável; o índio é um herói nacional, cheio de virtudes.
“Ó minha
amante, minha doce virgem, / Eu não te profanei, e dormes pura:
No sono
do mistério, qual na vida, / Podes sonhar apenas na ventura.”
SENTIMENTALISMO: A
relação entre o artista romântico e o mundo é sempre mediada pela emoção, seja
diante de um tema amoroso, político, social ou indianista
“Meu
Deus! eu chorei tanto no exílio! / Tanta dor me cortou a voz sentida,
Que agora neste gozo de proscrito / Chora minh’alma e me
sucumbe a vida!”
EGOCENTRISMO: A
maioria dos poetas românticos volta-se, predominantemente, para o próprio eu,
numa atitude narcisista.
“Era uma
noite – eu dormia / E nos meus sonhos revia
As
ilusões que sonhei! / e no meu lado senti...
Meu
Deus, por que não morri? / Por que no sono acordei?”
MEDIEVALISMO:
Interesse pelas origens de seu próprio país, de seu povo e de sua língua, daí,
no Brasil, a idealização do nosso índio.
Um exemplo de medievalismo é o filme Excalibur, da Warner Home Vídeo.
INDIANISMO: o
nosso índio encarna o ideal do “bom selvagem”, de Rousseau, tornando-se um
verdadeiro herói nacional. A idéia do “bom selvagem” é observada nos filmes
A Lagoa Azul e O Guarani.
RELIGIOSIDADE:
Representa uma nítida reação ao racionalismo materialista do século anterior. A
vida espiritual é enfocada como ponto de apoio ou válvula de escape diante das
frustrações do mundo real.
BYRONISMO:
(Lord Byron – poeta inglês) Representa um estilo de vida boêmia, noturna,
voltada para o vício, para os prazeres da bebida, do fumo e do sexo; a forma de
ver o mundo é egocêntrica, narcisista, pessimista, angustiada e, às vezes,
satânica.
“Oh! Não maldigam o mancebo
exausto / Que no vício embalou, a rir, os sonhos,
Que lhe manchou as
perfumadas tranças / Nos travesseiros da mulher sem brio!”
CONDOREIRISMO:
Corrente poética político-social, que ganhou repercussão entre os poetas da
terceira geração. Influenciados pelo escritor francês Victor Hugo, os poetas
condoreiros defendem a justiça social e a liberdade.
“Oh!
bendito o que semeia / Livros ... livros à mão cheia...
E manda
o povo pensar! / O livro caindo n’alma
É germe
– que faz a palma, / É chuva – que faz o mar.”
Quanto a forma, a linguagem romântica apresenta:
vocabulário e sintaxe mais simples; gosto por métricas populares;
irregularidade estrófica; maior liberdade formal e descrições detalhadas, com
emprego constante de comparações e metáforas, com a intenção de dar vazão à
fantasia, à imaginação e a idealização.
Na MÚSICA ocorre o
abandono das fórmulas clássicas, a expressão dos estados de alma, dos
sentimentos e das paixões e o subjetivismo: Chopin, Schubert e Beethoven.
Exercícios
1.Nos fragmentos a seguir
ocorrem as palavras romantismo e romântico. Identifique se elas se referem ao romantismo
como comportamento ou ao Romantismo como estilo de época.
a)Maria romântica: Após dois
anos sem se apresentar no Rio de Janeiro, Maria Bethânia volta aos palcos
cariocas com um show que ela mesma classifica de rom6antico – e a cantora está
romântica e discreta até no guarda-roupa e no próprio título do espetáculo,
Maria.
b)Desfiles em Paris: Oriente e romantismo dominam
coleções.
c)Em seu estudo sobre a moda
do século XIX, Gilda Mello e Souza mostra que a moda era o único meio lícito de
expressão da mulher romântica...
d)“Quatro Casamentos” resgata o romantismo.
2.Leia os trechos seguintes
e indique a(s) característica(s) românticas
que ocorre(m) em cada um, entre as
indicadas a seguir:
subjetivismo –
sentimentalismo – exaltação da natureza – natureza concebida como refúgio –
incorporação de fatos misteriosos – religiosidade – valorização da infância –
idealização da figura feminina – pessimismo – valorização do passado –
nacionalismo – atração pela morte – valorização do homem em estado selvagem
a)“Feliz a inteligência
vulgar e rude, que segue os caminhos da vida com os olhos fitos na luz e na
esperança postas pela religião além da morte...” (Alexandre Herculano)
b)“Brilha a lua no céu,
brilham estrelas, / Correm perfumes no
correr da brisa,
A cujo influxo mágico respira-se / Um quebranto de amor,
melhor que a vida!
(Gonçalves Dias)
c)“Oh! dias da minha infância! / Oh! meu céu de
primavera!
Que doce a vida não era / Nessa risonha manhã.” (Casimiro
de Abreu)
d)“Creio em Deus, amo a pátria, e em noites lindas
Minh’alma – aberta em flor – sonha contigo.” (Casimiro de
Abreu)
e)“Morena, minha sereia, / Tu és a rosa da aldeia, /
Mulher mais linda não há...”
(Casimiro de Abreu)
f)“Por mim, não conheço
objeto mais lindo em toda a natureza, mais feiticeiro, mais capaz de arrebatar
o espírito e inflamar o coração do que é uma jovem donzela quando a modéstia
lhe faz subir o rubor às faces e o pejo lhe carrega brandamente nas
pálpebras...”(Almeida Garret)
3.O fragmento que apresenta características da estética
romântica é:
a)“Aqueles cabelos castanhos
encaracolados, aquele pescoço enrolado no pisca-pisca embriagante das contas
vermelhas.”
b)“Viu ainda dois olhos
enormes, redondos, saltados e interrogativos, distúrbio talvez de tiróide,
olhos que perguntavam.”
c)“Bonita, não, eu sabia que
não, com seu prognatismo e seu cabelo, a esposa bonita não era não.”
d)“Era mulher por dentro e
por fora, mulher à direita e à esquerda, mulher por todos os lados, e desde os
pés até a cabeça.”
e)“Mais rápida que a ema
selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua
guerreira tribo.”
4. Assinale
a alternativa falsa:
a)O Romantismo, como estilo, não é modelado pela
individualidade do autor; a forma predomina sempre sobre o conteúdo.
b)O Romantismo é um
movimento de expressão universal, inspirado nos modelos medievais e unificado
pela prevalência de características comuns a todos os escritores da época.
c)O Romantismo como estilo
de época, constituiu, basicamente, um fenômeno estético-literário desenvolvido
em oposição ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.
d)O Romantismo, ou melhor, o
espírito romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a imaginação.
Pode-se creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de
criarem mundos imaginários.
e)O Romantismo
caracterizou-se por um complexo de características, como o subjetivismo, o
ilogismo, o senso de mistério, o exagero, o culto da natureza e o escapismo.
5.Assinale a(s)
alternativa(s) que caracteriza(m) a produção romântica:
a)Atitude subjetiva marcada por intenso sentimentalismo.
b)Decadência do romance entre os gêneros narrativos.
c)Crença no papel do poeta
como gênio portador de verdades, cumpridor de missões.
d)Presença da natureza com
função expressiva, significando e revelando.
e)Culto do mito da na nação,
num momento de grande afirmação cultural.
f)Idealização do herói,
visto como ser extraordinário, poderoso, justiceiro e bom.
g)Conservação dos gêneros poéticos herdados da
Renascença.
O
Romantismo no Brasil: 1836 – 1881
1836
–
Publicação de “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves Magalhães;
1881 –
Publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis e “O
Mulato”, de Aluísio de Azevedo.
O Romantismo nasce no Brasil poucos anos depois de nossa
independência política. Por isso, as primeiras obras e os primeiros artistas
românticos estão empenhados em definir um perfil da cultura brasileira em
vários aspectos: a língua, a etnia, as tradições, o passado histórico, as
diferenças regionais, a religião, etc.. Assim, podemos dizer que o nacionalismo
é o traço essencial que caracteriza a produção dos nossos primeiros escritores
românticos, como é o caso de Gonçalves
Dias (1823 – 1864), cuja obra apresenta três aspectos marcantes:
indianismo, lirismo amoroso e exaltação da pátria.
PRIMEIRA
GERAÇÃO DO ROMANTISMO NA POESIA
Nacionalismo
/ Indianismo
• Criação
do herói nacional: o índio;
• Exaltação
da natureza;
• Sentimentalismo;
• Religiosidade;
• Volta ao
passado medieval;
• Desejo de
liberdade.
TEXTO
01: CANÇÃO DO EXÍLIO – Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras
Onde canta o sabiá.
TEXTO
02: Canção do Exílio – paródia de Murilo Mendes(modernista)
Minha
terra tem macieiras da Califórnia
onde
cantam gaturanos de Veneza.
Os
poetas da minha terra
são
pretos que vivem em torres de ametista,
os
sargentos do exército são monistas, cubistas,
os
filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente
não pode dormir
com os
oradores e os pernilongos.
Os
sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro
sufocado em terra estrangeira.
Nossas
flores são mais bonitas
nossas
frutas mais gostosas
mas
custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem
me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um
sabiá com certidão de idade!
TEXTO
03: AQUARELA BRASILEIRA – Ari Barroso
Brasil
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingá
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Ô abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do serrado
Bota o rei congo no gongado
Brasil! Brasil!
Deixa cantar de novo o trovador
À merencórea luz da lua
Toda canção do meu amor...
Quero ver a “sá dona” caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado.
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
Ô esse coqueiro que dá coco
Oi onde amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil! Brasil!
Ô oi essas fontes murmurantes
Oi onde eu mato minha sede
E onde a lua vem brincá
Oi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil! Brasil!
Pra mim... Pra mim...
TEXTO
04: BRASIL – cazuza
Não me convidaram
pra essa festa pobre
que os homens armaram
pra me convencer
a pagar sem ver
toda essa droga
que já vem malhada
antes d’eu nascer.
Não me ofereceram
nem um cigarro,
fiquei na porta
estacionando os carros.
Não me elegeram
chefe de nada:
o meu cartão de crédito
é uma navalha.
Brasil, mostra a tua cara.
Quero ver quem paga
pra gente ficar assim.
Brasil,
qual é o teu negócio,
o nome do teu sócio?
Confia em mim.
Não me sortearam
a garota do Fantástico,
não me subornaram.
Será que é o fim
ver TV a cores
na taba de um índio
programada pra só dizer sim?
Grande pátria desimportante,
em nenhum instante eu vou te trair.
SEGUNDA
GERAÇÃO DO ROMANTISMO NA POESIA
Ultra-Romantismo
• Mal do
século
• Egocentrismo
• Pessimismo
• Desilusão
adolescente, tédio
• Satanismo
• Atração
pela morte
• Fuga da
realidade
• Influência
do poeta inglês Lord Byron.
• Principais autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu,
Fagundes Varela, Junqueira Freire.
Alguns anos depois da
introdução do Romantismo no Brasil, a poesia ganha novos rumos graças ao
aparecimento dos ultra-românticos, poetas desinteressados pela vida
político-social, voltados para si mesmos, com uma atitude profundamente
pessimista diante da vida, entediados, sem perspectivas, sonhando com amores
impossíveis e esperando a morte chegar.
“Morria-se jovem porque isso
era triste e lamentável... Secreta ou confessadamente, o homem romântico se
inclinava a morrer moço. E quantos, mas quantos não terão morrido apenas
vítimas desse pressentimento, nem vale a pena imaginar!... “ (Mário de Andrade)
Os ultra-românticos apresentam uma visão dualista do
amor, que envolve atração e medo, desejo e culpa, temendo, inclusive, a
realização amorosa. O ideal feminino é, normalmente, associado a figuras
incorpóreas ou assexuadas, como anjo, criança, virgem, etc., e as referências
ao amor físico se dão apenas de modo indireto, sugestivo ou superficial.
TEXTO
01: AMOR E MEDO – Casimiro de Abreu
No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem
Vil, machucava com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!
Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço
Anjo enlodado nos pauis da terra.
...............................................................
Se de ti fujo é que te adoro e muito,
És bela – eu moço; tens amor, eu – medo!...
TEXTO
02: VAGABUNDO – Álvares de Azevedo
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noites serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.
........................................................
Tenho por palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
TEXTO
03: NÉVOAS (parte) – Fagundes Varela
Nas horas tardias que a noite desmaia,
Que rolam na praia mil vagas azuis,
E a luz cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz.
Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
Que em grutas extensas se elevam no ar,
Um corpo de fada, serena dormindo,
Tranquila sorrindo
num brando sonhar.
Na forma de neve, puríssima e nua,
Um raio da lua de manso batia,
E assim reclinada no túrbito leito
Seu pálido peito de amores tremia.
Nas nuas espáduas, dos astros dormentes
Tão frio não sentes o pranto filtrar?
E as asas de prata do gênio das noites
Em tíbios açoites a trança agitar?
E as auras passavam, e as névoas tremia
E os gênios corriam no espaço a cantar,
Mas ela dormia tão pura e divina
Qual pálida ondina nas águas do mar!
E as brisas da aurora ligeiras corriam,
No leito batiam da fada divina...
Sumiram-se as brumas do vento
à bafagem
E a pálida imagem desfez-se em neblina
TEXTO
04: EMOÇÕES – Roberto Carlos
Quando eu estou aqui
Eu vivo este momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo
São tantas já vividas
São momentos que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Estórias que eu contei aqui
Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo
Sei tudo que o amor é capaz de me dar
Eu sei, já sofri, mas não deixo de amar
Se chorei ou se sofri
O importante é que emoções eu vivi
Mas eu estou aqui
Vivendo este momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida e o que ela me traz
Na fé que me faz otimista de mais
Se chorei ou se sorri
O importante é que
emoções eu vivi.
TERCEIRA
GERAÇÃO DO ROMANTISMO NA POESIA
Condoreirismo
As décadas de 60 e 70, do século XIX, representam para a
poesia brasileira um período de transição. Ao mesmo tempo que muitos dos
procedimentos das gerações anteriores são mantidos, novidades de forma e de
conteúdo dão origem à terceira geração da poesia romântica, mais voltada para
os problemas sociais e com uma nova forma de tratar o tema amoroso.
• poesia
social libertária;
• protesto
político;
• libertação
dos escravos (liberdade = condor);
• tendência
realista;
• influência
do escritor francês Victor Hugo.
• Principais autores: Castro Alves e Joaquim de Souza Andrade
(Sousândrade).
POESIA
ENGAJADA – é aquela que se coloca a serviço de uma causa
político-ideológica, procurando ser uma arte de contestação e conscientização.
No século XX, vários poetas deram continuidade a essa
corrente poética, como: Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Thiago de
Melo e outros.
A música popular também cumpriu esse papel nos anos 60 do
século passado, durante o regime militar, principalmente pela voz de Geraldo
Vandré, chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil.
TEXTO
01: NAVIO NEGREIRO – Castro Alves
Era um sonho dantesco!... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros ... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoas vãs!
No entanto o capitão manda a manobra.
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presas nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra.
E após fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!...”
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras
voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
TEXTO
02 – BOA NOITE – Castro Alves
Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde ... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa noite! ... E tu dizes – Boa noite,
Mas não mo digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
-Mar de amor onde vagam meus desejos.
Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti? Pois foi mentira
Quem cantou foi teu hálito, divina!
Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
-Boa noite! – formosa Consuelo!...
TEXTO
03 – HAITI – Caetano Veloso e Gilberto Gil
Quando você for convidado para subir no adro
da fundação Casa de Jorge Amado
pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
dando porrada na nuca de malandros pretos
de ladrões mulatos e outros quase pretos
(e são quase todos pretos) / e os quase brancos pobres
como pretos
como é que pretos, pobres e mulatos / e quase brancos
quase pretos
de tão pobres são tratados......
e quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante
da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão
pobres
e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os
pretos....
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui, o Haiti é aqui.
Questões
de Vestibulares e Concursos: O Romantismo
1. A época
romântica caracteriza-se por:
a) lusófoba e
nacionalista
b) de
influência inglesa
c) atéia e
influenciada pelo positivismo
d) carente de
bons poetas
2. Assinale a alternativa em que se encontram três
características do movimento literário ao qual se dá o nome de Romantismo.
a) predomínio da razão, perfeição da forma, imitação dos antigos
gregos e romanos.
b) reação anticlássica, busca de temas nacionais,
sentimentalismo e imaginação.
c) anseio de liberdade criadora, busca de verdades absolutas e
universais, arte pela arte.
d) desejo de expressar a realidade objetiva, erotismo, visão
materialista do universo.
e) Preferência por temas medievais, rebuscamento de conteúdo e
de forma, tentativa de expressar a realidade inconsciente.
3.
“lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá
sinhá,
cá?
bah!”
O poema acima, do poeta
contemporâneo José Paulo Paes, alude parodisticamente ao poema:
a) Voz do
Poeta, de Fagundes Varela.
b) As Pombas,
de Raimundo Correia.
c) Meus Oito
Anos, de Casimiro de abreu.
d) Canção do
Exílio, de Gonçalves Dias.
4. “Suspiros Poéticos e Saudades”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “O Mulato” são, respectivamente, obras que marcam, no Brasil, a introdução dos
seguintes movimentos literários:
a) Romantismo,
Simbolismo, Modernismo
b) Romantismo,
Realismo, Naturalismo
c) Realismo,
Simbolismo, Naturalismo
d) Realismo,
Modernismo, Parnasianismo
5. Leia atentamente o fragmento da poesia “Ainda uma vez –
adeus!”, de Gonçalves Dias :
“Enfim te vejo! – enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito pensei, cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!
Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar nas crespas cerviz!
Baldão, ludibrio da sorte
Em terra estranha, entre gente
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!
Louco, aflito, a saciar-me
D’agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp’rança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!”
a) Aponte três características românticas presentes no fragmento
acima. Justifique sua resposta com palavras ou frases do texto.
b) Na terceira estrofe, temos as palavras tédio, morte, vida e
viver. Qual a relação estabelecida entre elas pelo autor?
c) Como o
eu-lírico se caracteriza diante do amor frustrado?
6. “Pensamento
gentil de paz eterna,
Amiga morte, vem, Tu és apenas
A visão mais real das que nos cercam,
Que nos extingues as visões terrenas.”
a) O texto
caracteriza qual geração romântica?
b) O que
representa a morte para o poeta?
c) Quem é o
autor do texto acima?
7. Marque a opção que traz a obra considerada marco inicial
do Romantismo no Brasil:
a) Iracema
b) Marília de
Dirceu
c) O Guarani
d) Suspiros
Poéticos e Saudades
8. Assinale a opção que melhor preencha a lacuna existente no
seguinte texto:
“Segundo a interpretação de
Karl Manheim, o ______expressa os sentimentos dos descontentes com as novas
estruturas: a nobreza, que já caiu, e a pequena burguesia que ainda não subiu:
de onde vem as atitudes saudosistas ou reivindicatórias que pontuam todo o
movimento.”
a) Realismo
b) Romantismo
c) Impressionismo
d) Arcadismo
9. O desejo de morrer e a sentimentalidade doentia são
características da poesia do autor de Lira dos vinte anos. Trata-se de:
a) Gonçalves
Dias
b) Gonçalves
de Magalhães
c) Álvares
de Azevedo
d) Castro
Alves
e) Casimiro
de Abreu
10. “Coração,
por que tremes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!... e devo então dormir com ela?...
Se ela ao menos dormisse mascarada!”...
Entre as alternativas a
seguir, marque a melhor define o tipo de humor explorado pelo poeta na estrofe
aqui transcrita.
a) humor
negro, em que zomba de sua própria dor.
b) sátira,
com o propósito de reformar determinada situação.
c) humor
colérico, aplicado com o intuito de ironizar, castigar.
d) espírito de troça: pilhéria para divertir e provocar risos
nos leitores.
e) oposição entre o racional e o irracional a ponto de deturpar
as formas naturais.
11. “Era a
virgem do mar! na escuma fria
Pela maré das águas embaladas!
Era um anjo entre nuvens d’alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!”
A estrofe demonstra que a
mulher aparece, frequentemente, na poesia de Álvares de Azevedo, como figura:
a) sensual
b) c) próxima
c) e)
inacessível
d) concreta
e) natural
12. Os poemas de Álvares de Azevedo desenvolvem atmosferas variadas
que vão do lirismo mais ingênuo ao erotismo, com toques de ironia, tristeza,
zombaria, sensualidade, tédio e humor. Estas características demonstram:
a) a carga de
brasilidade do seu autor.
b) a
preocupação do autor com os destinos de seu país.
c) os
aspectos neoclássicos que ainda persistem nos versos desse autor.
d) o
ultra-romantismo, marcante nesse autor.
e) o aspecto
social de seus versos.
13. “Pátria de
liberdade! Antros profundos;
Vastos palácios; eternais castelos,
Mandai-me os gênios das sombrias grutas
De meus grilhões espedaçar os elos!...”
a) O autor dos versos acima apresenta características da
transição da Segunda para a terceira geração romântica. Quem é ele?
b) Percebe-se, nitidamente, uma postura política no texto. Qual?
14. “Deus! Ó
Deus! onde estás que não me respondes?
Em que mundo, em qu’estrela
tu t’escondes
Embuçado
nos céus?
Há dois mil anos te mandei
meu grito,
Que embalde desde então
corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...”
a) De quem
são esses versos?
b) que
contexto social revelam?
15. Na poesia
lírico-amorosa de Castro Alves observa-se:
a) uma posição platônica em relação ao amor, sobre o qual
versifica em linguagem racional e contida.
b) a idealização da mulher, cantada constantemente como objeto
inacessível ao poeta.
c) a preocupação de ocultar, por meio de excesso de figuras de
linguagem, os mais recônditos desejos do poeta.
d) uma renovação em relação à de seus antecessores, pela expressão
ousada dos impulsos eróticos.
e) a mesma timidez revelada nos devaneios líricos dos poetas da
geração byroniana.
Onde encontro as respostas
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