A SEGUNDA GERAÇÃO DO ROMANTISMO BRASILEIRO NA POESIA: ULTRARROMANTISMO / BAYRONISMO
A segunda geração do Romantismo brasileiro é denominada ultrarromântica ou byroniana. Fortemente influenciada por autores europeus como Goethe e Byron, os escritores desse grupo produziram obras com certo tom pessimista e depressivo. O exagero sentimental, o macabro e o delírio são marcas presentes nos livros ultrarromânticos.
CONTEXTO
HISTÓRICO
O contexto histórico do
Romantismo é o período entre os séculos XVIII e XIX que compõe o processo de
ascensão da burguesia como classe dominante na sociedade. Em específico, uma
parcela significativa da juventude do
século XIX encantou-se com a literatura ultrarromântica.
Isso ocorreu porque houve
uma consonância de sentimentos e perspectivas de vida entre esses jovens e as
personagens retratadas nos romances e novelas românticos. O exagero sentimental, o egocentrismo, a idealização da mulher, o
pessimismo diante da existência e a vontade de fugir são marcas tanto da
ficção do período quanto da própria vida dessa parcela da sociedade.
De fato, por exemplo, após a
publicação da narrativa “Os sofrimentos
do jovem Werther”, de Goethe, muitos jovens suicidaram-se, imitando o
destino final do protagonista do livro. Esse fato histórico representa muito
bem como os autores da geração byroniana conseguiram representar o espírito de
uma parcela da juventude do período.
CARACTERÍSTICAS
Algumas das principais
características da segunda geração romântica são:
Egocentrismo: Nas
obras ultrarromânticas, é notável um claro enfoque no sujeito em detrimento do
mundo. Em muitas obras, inclusive, o espaço externo ao “eu” é apenas cenário
para a existência da personagem. Em geral, questões de ordem social – tensões
do mundo lá fora – não costumam ser abordadas pelos escritores dessa geração.
Sentimentalismo
exagerado: A idealização amorosa e a projeção de uma mulher
perfeita são comuns nas obras da segunda geração romântica. O amor e a amada
são quase sempre utopias inatingíveis e, por isso, as personagens e os sujeitos
líricos sofrem demasiadamente.
Forte
tom depressivo: A depressão
– ou “mal do século”, como era chamada – era claramente perceptível no
discurso presente nas prosas e poemas ultrarromânticos.
Tendência
a fugas da realidade: Diante de um presente desastroso, marcado
pela solidão e pela desilusão amorosa, as personagens e sujeitos líricos da
segunda geração romântica apresentavam discursos em que exaltavam o desejo de
fugir da realidade. Essa fuga mostrava-se de diversas formas, como mediante o
desejo de morrer, por meio da exaltação da boemia desregrada, ou ainda fugindo
para a infância.
Gosto
pelo delírio e pelo macabro: A tematização do grotesco,
do macabro e de situações de delírio são comuns em narrativas ultrarromânticas.
Ironia
romântica: Trata-se de um conceito utilizado para definir um certo
comportamento comum entre os autores da segunda geração romântica. Tal
comportamento resume-se em apresentar um alto grau de criticidade em relação às
próprias produções ultrarromânticas. Um exemplo disso seria bem representado no
segundo prefácio do livro “Lira dos
vinte anos”, de Álvares de Azevedo.
PRINCIPAIS
AUTORES
ÁLVARES
DE AZEVEDO E CASIMIRO DE ABREU
A obra poética “Lira dos
vinte anos”, de Álvares de Azevedo, é uma célebre representante da geração
byroniana, assim como o livro “As primaveras”, de Casimiro de Abreu, que também
ilustra essa vertente. O primeiro autor, além de poeta, também publicou a peça
teatral “Macário” e o livro de contos “Noite na taverna”.
A LAGARTIXA / Álvares
de Azevedo
A
lagartixa ao sol ardente vive
E
fazendo verão o corpo espicha:
O
clarão de teus olhos me dá vida,
Tu
és o sol e eu sou a lagartixa.
Amo-te
como o vinho e como o sono,
Tu
és meu copo e amoroso leito...
Mas
teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro
não há como teu peito.
Posso
agora viver: para coroas
Não
preciso no prado colher flores;
Engrinaldo
melhor a minha fronte
Nas
rosas mais gentis de teus amores
Vale
todo um harém a minha bela,
Em
fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo
ao sol de seus olhos namorados,
Como
ao sol de verão a lagartixa.
Nos versos, é possível
perceber a desconstituição da figura do
amante, tipicamente idealizado pelo Romantismo – “Tu és o sol e eu sou a lagartixa”. Ao comparar, portanto, o
sujeito lírico com uma lagartixa, o poeta foge do “eu” padrão romântico,
virtuoso e heroico, e representa-o como um animal que tradicionalmente não é considerado
belo ou elevado.
LEMBRANÇA
DE MORRER / Álvares de Azevedo
Quando
em meu peito rebentar-se a fibra,
Que
o espírito enlaça à dor vivente,
Não
derramem por mim nenhuma lágrima
Em
pálpebra demente.
E
nem desfolhem na matéria impura
A
flor do vale que adormece ao vento:
Não
quero que uma nota de alegria
Se
cale por meu triste passamento.
Eu
deixo a vida como deixa o tédio
Do
deserto, o poento caminheiro,
...
Como as horas de um longo pesadelo
Que
se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como
o desterro de minh’alma errante,
Onde
fogo insensato a consumia:
Só
levo uma saudade... é desses tempos
Que
amorosa ilusão embelecia.
Só
levo uma saudade... é dessas sombras
Que
eu sentia velar nas noites minhas...
De
ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que
por minha tristeza te definhas!
De
meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco
- bem poucos... e que não zombavam
Quando,
em noites de febre endoudecido,
Minhas
pálidas crenças duvidavam.
Se
uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se
um suspiro nos seios treme ainda,
É
pela virgem que sonhei... que nunca
Aos
lábios me encostou a face linda!
Só
tu à mocidade sonhadora
Do
pálido poeta deste flores...
Se
viveu, foi por ti! e de esperança
De
na vida gozar de teus amores.
Beijarei
a verdade santa e nua,
Verei
cristalizar-se o sonho amigo...
Ó
minha virgem dos errantes sonhos,
Filha
do céu, eu vou amar contigo!
Descansem
o meu leito solitário
Na
floresta dos homens esquecida,
À
sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi
poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras
do vale, noites da montanha
Que
minha alma cantou e amava tanto,
Protegei
o meu corpo abandonado,
E
no silêncio derramai-lhe canto!
Mas
quando preludia ave d’aurora
E
quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos
do bosque, abri os ramos...
Deixai
a lua pratear-me a lousa!
Nota-se nesse poema o forte tom depressivo e pessimista diante da
vida expresso pelos versos “Eu deixo a vida como deixa o tédio/ Do deserto,
o poento caminheiro”, além do desejo de fuga, em que a válvula de escape é
representada pela morte. Também é perceptível no poema a presença do
sentimentalismo exagerado, como em “Só levo uma saudade... é desses tempos /Que
amorosa ilusão embelecia.”.
MEUS OITO ANOS / Casimiro de Abreu
Oh
! que saudades que eu tenho
Da
aurora da minha vida,
Da
minha infância querida
Que
os anos não trazem mais !
Que
amor, que sonhos, que flores,
Naquelas
tardes fagueiras
À
sombra das bananeiras,
Debaixo
dos laranjais !
Como
são belos os dias
Do
despontar da existência !
–
Respira a alma inocência
Como
perfumes a flor;
O
mar é – lago sereno,
O
céu – um manto azulado,
O
mundo – um sonho dourado,
A
vida – um hino d’amor !
Que
auroras, que sol, que vida,
Que
noites de melodia
Naquela
doce alegria,
Naquele
ingênuo folgar !
O
céu bordado d’estrelas,
A
terra de aromas cheia,
As
ondas beijando a areia
E
a lua beijando o mar !
Oh
! dias de minha infância !
Oh
! meu céu de primavera !
Que
doce a vida não era
Nessa
risonha manhã !
Em
vez de mágoas de agora,
Eu
tinha nessas delícias
De
minha mãe as carícias
E
beijos de minha irmã !
Livre
filho das montanhas,
Eu
ia bem satisfeito,
De
camisa aberta ao peito,
–
Pés descalços, braços nus –
Correndo
pelas campinas
À
roda das cachoeiras,
Atrás
das asas ligeiras
Das
borboletas azuis !
Naqueles
tempos ditosos
Ia
colher as pitangas,
Trepava
a tirar as mangas,
Brincava
à beira do mar;
Rezava
às Ave-Marias,
Achava
o céu sempre lindo,
Adormecia
sorrindo,
E
despertava a cantar !
Oh
! que saudades que eu tenho
Da
aurora da minha vida
Da
minha infância querida
Que
os anos não trazem mais !
–
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas
tardes fagueiras
À
sombra das bananeiras,
Debaixo
dos laranjais !
O poema de Casimiro de Abreu apresenta a fuga do presente conturbado de uma forma diferente. Ele prefere acessar seu passado a fim de que isso possa trazer-lhe algum alívio. Nessa poesia, o autor coloca-se em uma posição de contemplador do passado, o que também configura uma importante característica da segunda geração do Romantismo
MARINHO, Fernando. "Segunda geração do
Romantismo"; Brasil Escola. Disponível em:https://brasilescola.uol.com.br/literatura/a-segunda-geracao-romantismo.htm.
Acesso em 12 de agosto de 2020.
SOBRE OS POETAS / wikipedia
Casimiro José Marques de Abreu (Barra de São João, 4 de janeiro de 1839 — Nova Friburgo, 18 de outubro de 1860) foi um poeta brasileiro da segunda geração
do romantismo. Filho do fazendeiro português José Joaquim Marques de Abreu e de Luísa Joaquina das Neves, uma fazendeira de Barra de São João,
viúva do primeiro casamento. Com José Joaquim ela teve três filhos, embora
nunca tenham sido oficialmente casados.
Casimiro nasceu na Fazenda da Prata, localizada na Serra do Macaé
anteriormente localizada no território de Nova Friburgo hoje em Casimiro de
Abreu, propriedade herdada por sua mãe em decorrência da morte do seu primeiro
marido, de quem não teve filhos.
A
localidade onde viveu parte de sua vida, Barra
de São João, era ao tempo território de Macaé e hoje distrito do município que leva seu nome, e também chamado
"Casimiro de Abreu", foi batizado na igreja da localidade por isso a
homenagem. Recebeu apenas a instrução
primária no Instituto Freese, dos onze aos treze anos, em Nova Friburgo,
então cidade de maior porte da região serrana do estado do Rio de Janeiro, e
para onde convergiam, à época, os adolescentes induzidos pelos pais a se
aplicarem aos estudos.
Aos
treze anos transferiu-se para o Rio
de Janeiro para trabalhar com o pai no comércio. Com ele, embarcou para
Portugal em 1853, onde entrou em contato com o meio intelectual e escreveu a
maior parte de sua obra. O seu sentimento nativista e as saudades da família
escreve: "estando a minha casa à hora da refeição, pareceu-me escutar
risadas infantis da minha mana pequena. As lágrimas brotavam e fiz os primeiros
versos de minha vida, que teve o título de Ave Maria".
Em
Lisboa, foi representado seu drama “Camões
e o Jaú” em 1856, que foi publicado logo depois.
Seus
versos mais famosos do poema Meus oito anos: ‘Oh! Que saudades que tenho/da aurora da minha vida,/ da minha infância
querida/que os anos não trazem mais!/ Que amor, que sonhos, que
flores,/naquelas tardes fagueiras,/ à sombra das bananeiras,/ debaixo dos
laranjais!”
Em
1857 retornou ao Brasil para trabalhar no armazém de seu pai. Isso, no entanto,
não o afastou da vida boêmia. Escreveu para alguns jornais e fez amizade com
Machado de Assis. Em 1859 editou as suas poesias reunidas sob o título de “As Primaveras”.
OBS.: O NOME DA PRAÇA DE BARRA DE SÃO JOÃO é uma referência a este livro.
Tuberculoso,
retirou-se para a fazenda de seu pai, Indaiaçu, hoje na sede do município que
recebeu o nome do poeta, onde inutilmente buscou uma recuperação do estado de
saúde, vindo ali a falecer. Foi sepultado conforme seu desejo, em Barra de São
João, estando sua lápide no cemitério da secular Capela de São João Batista, junto ao túmulo de seu pai.
Espontâneo
e ingênuo, de linguagem simples, tornou-se um dos poetas mais populares do
Romantismo no Brasil. Seu sucesso literário, no entanto, deu-se somente depois
de sua morte, com numerosas edições de seus poemas, tanto no Brasil, quanto em
Portugal. Deixou uma obra cujos temas abordavam a casa paterna, a saudade da
terra natal, e o amor (mas este tratado sem a complexidade e a profundidade tão
caras a outros poetas românticos). A despeito da popularidade alcançada pelos
livros do poeta, sua mãe, e herdeira
necessária, morreu em 1859 na mais absoluta pobreza, não tendo recebido
nada em termos de direitos autorais, fossem do Brasil, fossem de Portugal.
É
o patrono da cadeira número seis da
Academia Brasileira de Letras, fundada por Machado de Assis.
Manoel Antônio Álvares de Azevedo (São Paulo, Província de São Paulo, Império do
Brasil, 12 de setembro de 1831 — Rio de Janeiro, Império do Brasil, 25 de abril
de 1852) foi um escritor da segunda geração romântica (Ultrarromântica,
Byroniana ou Mal-do-século), contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro,
autor de Noite na Taverna.
Filho
de Inácio Manoel Álvares de Azevedo
e Maria Luísa Silveira da Motta Azevedo,
passou a infância no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos. Voltou a São
Paulo, em 1847, para estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco,
onde, desde logo, ganhou fama por brilhantes
e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender
línguas e pelo espírito jovial e sentimental.
Durante
o curso de Direito traduziu o quinto ato de Otelo, de Shakespeare; traduziu
Parisina, de Lord Byron; fundou a revista da Sociedade Ensaio Filosófico
Paulistano (1849); fez parte da Sociedade Epicureia; e iniciou o poema épico O Conde Lopo, do qual só restaram
fragmentos.
Não
concluiu o curso, pois foi acometido de uma tuberculose nas férias de 1851-52, a qual foi agravada por um tumor
na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, falecendo aos 20 anos. No entanto, vale ressalva, a
causa mortis do autor é um tema historicamente controverso, com diferentes
hipóteses.
A
sua obra compreende: Poesias diversas, Poema do Frade, o drama Macário, o
romance O Livro de Fra Gondicário, Noite na Taverna, Cartas, vários Ensaios
(incluíndo "Literatura e civilização em Portugal",
"Lucano", "George Sand" e "Jacques Rolla") e Lira dos vinte anos.
Suas
principais influências são: Goethe,
François-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.
Figura
no cânone da poesia brasileira. Foi muito lido até as duas primeiras décadas do
século XX, com constantes reedições de sua poesia e antologias. As últimas
encenações de seu drama Macário
foram em 1994 e 2001. É patrono da cadeira
2 da Academia Brasileira de Letras.
Lira dos Vinte Anos (inicialmente planejada para ser publicada num
projeto — As Três Liras — em conjunto com Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães)é
o título da principal obra do autor. Segundo alguns pesquisadores, o nome da
coleção de poesias se dava ao fato de ter existido uma garota — cuja identidade
foi muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro — que tocava esse instrumento.
É
evidente a explicitação de Álvares de Azevedo na postura consciente do fazer
poético, afinal em seus prefácios há um alto grau de conhecimento quanto à
proposta ultra-romântica, a qual exibe um certo metarromantismo marcada pelo
senso crítico.
É,
provavelmente, o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o
poema Ideias íntimas, da segunda
parte da Lira. O autor de Lira dos Vinte Anos estabelece valores e critérios a
sua obra. Revela-se, assim, uma verdadeira teorização programada.
No
segundo prefácio de Lira dos Vinte Anos, o seu autor nos revela a sua
intencionalidade e o vincula de tal maneira ao texto poético, que a gratuidade
e autonomia perde espaço e revela a intencionalidade do poeta, isto é,
explicação de temas, motivos e outros elementos.
Um
aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão diz
respeito à sua poética, que ele mesmo definiu como uma "binomia", que consiste em aproximar extremos, numa
atitude tipicamente romântica. É importante salientar o "Prefácio" à
"Segunda parte" de Lira dos Vinte Anos, um dos pontos críticos de sua
obra e na qual define toda a sua poética.
Machado de Assis publicou na coluna “Semana Literária” do jornal
Diário do Rio de Janeiro de 26 de junho de 1866 uma análise da Lira dos vinte
anos. Ali escreveu: “Álvares de Azevedo
era realmente um grande talento; só lhe faltou o tempo, como disse um dos seus
necrólogos. [...] Era daqueles que o berço vota à imortalidade. Compare-se a
idade com que morreu aos trabalhos que deixou, e ver-se-á que seiva poderosa
não existia naquela organização rara.” “Em tão curta idade, o poeta da Lira dos
vinte anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma
imaginação vigorosa. Avalie-se por aí o que viria a ser quando tivesse
desenvolvido todos os seus recursos.”
O
crítico literário português Lopes de Mendonça, num perfil literário de Álvares
de Azevedo, escreve: “O jovem poeta não cantava somente para as turbas que se
deixassem comover pela harmonia de seus cantos; cantava porque lhe ardia no peito
um fogo devorador, porque a sua alma ébria, e palpitante, lhe acendia a
imaginação, e como lhe intimava, que traduzisse aos outros, a magia dos seus
sonhos, o fervor dos seus desejos, o esplêndido irradiar da sua esperança.” [
O jornal niteroiense A Pátria
de 16 de maio de 1856, numa “Meditação aos ossos do poeta Álvares de Azevedo”,
afirma que “aquele crânio foi um livro
de versos sublimes como os de Byron, foi uma página divina de Shakespeare; foi
um raio da inteligência de Homero; aquele crânio guardava um cérebro cheio como
o de Camões, e constituiu uma cabeça que merecia uma coroa, como a que Tasso
teve no Capitólio!”
O
crítico literário Alexei Bueno faz uma interessante observação sobre a
"característica quase esquizoide da alma de Álvares de Azevedo", a
dissociação entre sua obra "onde não faltam bebedeiras e orgias altamente
byronianas" e sua vida pacata de "excelente e responsabilíssimo
aluno, de enorme afeição familiar e provavelmente bastante casto". Essa
mesma polarização é problematizada em "Uma lira de duas cordas", obra
que faz uma inovadora leitura da recepção crítica do poeta.
Devido
a sua morte prematura, todos os trabalhos de Álvares de Azevedo foram publicados postumamente.
Lira
dos Vinte Anos (1853, antologia poética);
Macário
(1855, peça de teatro);
Noite
na Taverna (1855, contos);
O
Conde Lopo (Juaréz Cavalcante)
Álvares
de Azevedo também escreveu muitas cartas e ensaios e traduziu para o português
o poema Parisina, de Lorde Byron, e o quinto ato de Otelo, de William
Shakespeare.
Em 25 de abril de 1852, após complicações advindas de uma queda de cavalo, no município de
Itaboraí, no trajeto de Visconde para
Porto das Caixas, cria-se um tumor na fossa ilíaca que tentou ser retirado
segundo alguns biólogos sem anestesia. A ferida infecciona e após 40 dias de
febre alta falece, às 17 horas no Rio de Janeiro, em casa. É enterrado no dia
seguinte, num cemitério na praia
vermelha na zona sul do Rio de Janeiro que mais tarde viria a ser destruído
pelo mar em ressaca. Segundo biógrafos seu cachorro teria encontrado seus
restos mortais. Hoje está sepultado no
Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, num mausoléu da família
perto dos túmulos de Floriano Peixoto e outros grandes nomes do final do séc.
XIX — tendo sido o décimo segundo a ser sepultado nesse cemitério inaugurado em
1854, como consta da primeira página de seu livro de registros.
QUESTÕES DE VESTIBULARES, CONCURSOS E ENEM
Questão 01(Cefet – MG) Em relação ao Romantismo,
pode-se afirmar que:
I –O poeta romântico deixa-se
arrebatar pelo conflito entre o mundo imaginário e o real, expresso num
sentimentalismo acentuado.
II –Casimiro de Abreu, Álvares
de Azevedo, Fagundes Varela e Gonçalves de Magalhães pertencem à segunda
geração romântica.
III –O ilogismo leva o autor
romântico a instabilidades emocionais que são traduzidas em atitudes
contraditórias: entusiasmo e depressão, alegria e tristeza.
Estão corretas as
afirmativas:
a- Apenas I e III.
b- I, II e III.
c- Apenas II.
d- Apenas I e II.
e- Apenas III.
Questão 02 (UNIP)
Assinale a característica não-aplicável à poesia romântica:
a) artista goza de liberdade na
metrificação e na distribuição rítmica.
b) importante é o culto da forma, a
arte pela arte.
c) a poesia é primordialmente pessoal,
intimista e amorosa.
d) enfatiza-se a auto-expressão, o
subjetivismo, o individualismo.
e) a linguagem do poeta é a mesma do
povo: simples, espontânea.
Questão 03 (UFV) Assinale a alternativa falsa:
a) Romantismo, como estilo, não é
modelado pela individualidade do autor; a forma predomina sempre sobre o
conteúdo.
b) Romantismo é um movimento de
expressão universal, inspirado nos modelos medievais e unificado pela
prevalência de características comuns a todos os escritores da época.
c) Romantismo, como estilo de época,
consistiu basicamente num fenômeno estético-literário desenvolvido em oposição
ao intelectualismo e à tradição racionalista e clássica do século XVIII.
d) Romantismo, ou melhor, o espírito
romântico, pode ser sintetizado numa única qualidade: a imaginação. Pode-se
creditar à imaginação a capacidade extraordinária dos românticos de criarem
mundos imaginários.
e) Romantismo caracterizou-se por um
complexo de características, como o subjetivismo, o ilogismo, o senso de
mistério, o exagero, o culto da natureza e o escapismo.
Questão 04 (U.FORTALEZA)
“Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro.”
Os versos acima exemplificam:
a) a utilização de metáforas grandiosas
para expressar a indignação com as injustiças sociais que caracteriza a obra de
Castro Alves.
b) a temática a procura da morte como
solução para os problemas da existência em que se encontra em Álvares de
Azevedo.
c) tratamento ao mesmo tempo irônico e
lírico a que Carlos Drummond de Andrade submete o cotidiano.
d) a presença da natureza como cenário
para o encontro do pastor com sua amada, como ocorre em Tomás Antônio Gonzaga.
e) a exploração de ecos, assonâncias,
aliterações em busca de uma sonoridade válida por si mesma, como se vê na obra
de Cruz e Sousa.
Questão 05(PUC-SP)
Sombras do vale, noites da montanha
Que minh’alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos…
Deixai a lua prantear-me a lousa!
O que dominantemente aflora nos versos
acima e caracteriza o poeta Álvares de Azevedo como ultrarromântico é:
a) a devoção pela noite e por ambientes
lúgubres e sombrios.
b) o sentimento de autodestruição e a
valorização da natureza tropical.
c) o acentuado pessimismo e a
valorização da religiosidade mística.
d) o sentimento byroniano de tom elegíaco
e humorístico-satânico.
e) o sonho adolescente e a
supervalorização da vida.
Questão 06
Escreva um parágrafo, de pelo menos 5
linhas, estabelecendo algumas comparações entre
os poetas da SEGUNDA GERAÇÃO ROMÂNTICA NA POESIA e os jovens da música
sertaneja universitária dos nossos dias.
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