DA FICÇÃO PARA A REALIDADE: O ALIENISTA E HOLOCAUSTO BRASILEIRO
Machado de Assis é autor de “O
Alienista”, considerado, por alguns críticos, um
conto e por outros, uma novela. A maioria, porém, o classifica como um conto mais
longo, principalmente devido à narrativa. A obra apresenta características como a análise psicológica e a crítica social, marcas do Realismo.
O conto é narrado em 3º pessoa, o
chamado narrador onisciente. Machado de Assis consegue mostrar o comportamento
humano no que diz respeito a aparência, vaidade e egoísmo.
Resumo do livro:
A obra “O Alienista”, narra a história do Dr. Simão Bacamarte (Alienista),
um respeitado médico que tinha boa fama em Portugal, Espanha e no Brasil.
Ele é casado com a já viúva D. Evarista, quem ele julga ser uma boa
mulher para gerar bons filhos, o que acaba não acontecendo.
Dr. Simão acaba se dedicando então aos
estudos da mente e a psiquiatria. Ele se muda para a cidade de Itaguaí, Rio de
Janeiro, onde pede autorização do governo para abrir uma clinica feita para
estudar a loucura e doenças da mente.
O local é batizado de Casa Verde,
e todos aqueles que Dr. Simão julga ser louco ele manda internar. No começo as
internações eram feitas com pessoas que possuíam realmente casos de loucura,
sendo aclamado pela população. Mas depois ele passa a internar pessoas
consideradas sãs, como Costa, um rapaz que havia recebido uma herança com
a qual daria para viver até o fim da vida, mas gastou tudo em empréstimos aos
outros e acabou na miséria. Nem D. Evarista escapou, foi internada por não
conseguir decidir que roupa vestir para uma festa.
Metade da população já estava internada
e as pessoas começaram a se revoltar. O barbeiro Porfírio decide
liderar uma revolta para soltar as pessoas que foram presas injustamente
conhecido como a “revolta dos canjicas” (o apelido do barbeiro era
Canjica). Esta manifestação de nada adianta e no final os manifestantes também
acabaram presos internados.
Quando mais de 75% da população da
cidade estava internada, Dr. Simão viu que havia algo de errado com seu
critério e decidiu o rever: se a maioria seguia um desvio de padrão, quem tinha
regularidade em suas ações e firmeza de caráter eram os verdadeiros loucos.
Então ele decidiu prender a minoria.
Por fim, ele não encontrou ninguém que possuísse ao menos um desvio de caráter a não ser ele mesmo. Dr. Simão então se internou e ficou sozinho na Casa Verde, falecendo dezessete meses depois.
(www.coladaweb.com)
SINOPSE
DE “HOLOCAUSTO BRASILEIRO”
Durante décadas, milhares de
pacientes foram internados à força, sem diagnóstico de doença mental, num
enorme hospício na cidade de Barbacena, em Minas Gerais. Ali foram torturados,
violentados e mortos sem que ninguém se importasse com seu destino. Eram apenas
epilépticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas pelos
patrões, mulheres confinadas pelos maridos, moças que haviam perdido a
virgindade antes do casamento.
Ninguém ouvia seus gritos.
Jornalistas famosos, nos anos 60 e 70, fizeram reportagens denunciando os maus
tratos. Nenhum deles — como faz agora Daniela
Arbex — conseguiu contar a história completa. O que se praticou no Hospício
de Barbacena foi um genocídio, com 60 mil mortes. Um holocausto praticado pelo
Estado, com a conivência de médicos, funcionários e da população.
UM
PUNGENTE RETRATO DE ABANDONO E HORROR
Neste livro-reportagem
fundamental, a premiada jornalista Daniela
Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais macabros da nossa
história: a barbárie e a desumanidade
praticadas, durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil,
conhecido por Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Ao fazê-lo, a
autora traz à luz um genocídio cometido, sistematicamente, pelo Estado
brasileiro, com a conivência de médicos, funcionários e também da população,
pois nenhuma violação dos direitos humanos mais básicos se sustenta por tanto
tempo sem a omissão da sociedade.
Pelo menos 60 mil pessoas morreram entre os muros
da Colônia. Em sua maioria, haviam sido internadas à força. Cerca de 70% não tinham diagnóstico de
doença mental. Eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas,
gente que se rebelava ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder.
Eram meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que
o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a
virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus
documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças.
Quando chegavam ao hospício,
suas cabeças eram raspadas, suas roupas arrancadas e seus nomes descartados
pelos funcionários, que os rebatizavam. Daniela Arbex devolve nome, história e
identidade aos pacientes, verdadeiros sobreviventes de um holocausto, como
Maria de Jesus, internada porque se sentia triste, ou Antônio Gomes da Silva,
sem diagnóstico, que, dos 34 anos de internação, ficou mudo durante 21 anos
porque ninguém se lembrou de perguntar se ele falava.
Os pacientes da Colônia às
vezes comiam ratos, bebiam água do esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram
espancados e violados. Nas noites geladas da Serra da Mantiqueira, eram
deixados ao relento, nus ou cobertos apenas por trapos. Pelo menos 30 bebês
foram roubados de suas mães. As pacientes conseguiam proteger sua gravidez
passando fezes sobre a barriga para não serem tocadas. Mas, logo depois do
parto, os bebês eram tirados de seus braços e doados.
Alguns morriam de frio, fome
e doença. Morriam também de choque. Às vezes os eletrochoques eram tantos e tão
fortes, que a sobrecarga derrubava a rede do município. Nos períodos de maior
lotação, 16 pessoas morriam a cada dia. Ao morrer, davam lucro. Entre 1969 e
1980, 1.853 corpos de pacientes do manicômio foram vendidos para 17 faculdades
de medicina do país, sem que ninguém questionasse. Quando houve excesso de
cadáveres e o mercado encolheu, os corpos foram decompostos em ácido, no pátio
da Colônia, diante dos pacientes, para que as ossadas pudessem ser
comercializadas. Nada se perdia, exceto a vida.
No início dos anos 60,
depois de conhecer a Colônia, o fotógrafo Luiz Alfredo, da revista O Cruzeiro,
desabafou com o chefe: “Aquilo é um assassinato em massa”. Em 1979, o
psiquiatra italiano Franco Basaglia, pioneiro da luta pelo fim dos manicômios
que também visitou a Colônia, declarou numa coletiva de imprensa: “Estive hoje
num campo de concentração nazista. Em lugar nenhum do mundo, presenciei uma
tragédia como essa”.
SOBRE
A AUTORA
Daniela
Arbex é uma das jornalistas mais premiadas de sua geração. Seu
livro, o best-seller Holocausto brasileiro, foi eleito Melhor Livro-Reportagem
do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (2013) e segundo melhor
Livro-Reportagem no prêmio Jabuti (2014). Com mais de 200 mil exemplares
vendidos no Brasil e em Portugal, a obra ganhou as telas da TV em 2016, no
documentário produzido com exclusividade para a HBO, com exibição em mais de 40
países. Seu mais recente sucesso, Cova 312, também venceu o prêmio Jabuti em
2016 na categoria livro-reportagem. Daniela tem mais de 20 prêmios nacionais e
internacionais no currículo, entre eles três prêmios Esso, o americano Knight
International Journalism Award (2010) e o prêmio IPYS de Melhor Investigação
Jornalística da América Latina (2009). Há 21 anos trabalha no Jornal Tribuna de
Minas, onde é repórter especial.
(www.geracaoeditorial.com.br)
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