CUBISMO, FUTURISMO E EXPRESSIONISMO

 

Os Movimentos Europeus de Vanguarda – PARTE 2

A ruptura com o passado e a pesquisa de novos meios de expressão são marcas registradas da arte no início do século XX. A ânsia de buscar novos caminhos explica o aparecimento de vários movimentos, principalmente nas artes plásticas e na literatura.

 

Cubismo

Teve início na França, em 1907( foi cultivado até 1918), com o pintor espanhol Pablo Picasso e com o poeta Apollinaire, havendo, no grupo, um intenso convívio entre escritores e artistas plásticos, o que  estimulou uma intensa troca de idéias e técnicas 

Na Pintura: oposição à objetividade e à linearidade da arte realista e da renascentista e decomposição dos objetos representados em diferentes planos geométricos e ângulos retos 

Principal pintor brasileiro: Ismael Neri.

Na Literatura: fragmetação da realidade; superposição e simultaneidade de planos(mistura de assuntos, espaços e tempos diferentes); ilogismo; humor; antiintelectualismo; linguagem mais ou menos caótica, com poucos verbos; invenção de palavras; destruição da sintaxe já condenada pelo uso; substantivos soltos; menosprezo dos verbos, adjetivos e da pontuação; negação da estrofe, da rima e da harmonia; valorização da impressão tipográfica, o que influenciou a nossa poesia concreta dos anos 60.

Certos traços do movimento cubista são observados no texto a seguir, de Oswald de Andrade(modernista da década de 20):

 

HÍPICA

Saltos records                                

Cavalos da Penha             

Correm jóqueis de Higienópolis 

Os magnatas                                  

As meninas

E a orquestra toca

Chá

Na sala de cocktails

 

Futurismo

Muito mais do que por obras, o movimento difunde-se (a partir de 1909, na França) por meio de manifestos(mais de trinta) e conferências, tendo sempre à frente a figura de seu líder, Filippo Tommasio Marinetti.

      

Principais propostas do manifesto de 1909:

Os elementos essenciais da nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta;

Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto mortal, a bofetada e o soco;

Nós queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam e o menosprezo  à mulher;

Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas; combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e utilitárias.

 

Principais propostas do manifesto técnico de 1912:

Destruição da sintaxe; disposição das palavras em liberdade; emprego de verbos no infinitivo; abolição dos adjetivos e dos advérbios; substantivo duplo em lugar de substantivo acompanhado por adjetivo(praça-funil, mulher-golfo, etc...); abolição da pontuação, substituída por sinais matemáticos e musicais.

Na pintura, as telas futuristas apresentam elementos que sugerem a velocidade e o mecanicismo da vida moderna.

Na literatura, as propostas técnicas do Futurismo são encontradas na maior parte da produção dos escritores dos anos 20, como é o caso do texto abaixo,  de Mário de Andrade.

           

O Futurismo italiano e os fascistas

Algumas idéias do futurismo italiano, como o menosprezo à mulher e a exaltação da guerra(considerada um meio para "limpar" o planeta, livrando-o  dos mais fracos) anteciparam, ideologicamente, aquilo que seria o fascismo italiano, nas décadas de 30 e 40, quando Marinetti se aproxima de Mussolini e o futurismo passa a ser uma espécie de expressão artística do fascismo.

 

ODE AO BURGUÊS  

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel

o burguês-burguês!

A digestão bem-feita de São Paulo!

O homem-curva! O homem-nádegas!

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!

Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!

Que vivem dentro de muros sem pulos,

e gemem sangue de alguns mil-réis fracos

para dizerem que as filhas da senhora falam o francês

e tocam os “Printemps” com as unhas!

 

Eu insulto o burguês-funesto!

O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!

Fora os que algarismam os amanhãs!

Olha a vida dos nossos setembros!

Fará sol? Choverá? Arlequinal!

Mas as chuvas dos rosais

O êxtase fará sempre Sol!

 

Morte à gordura!

Morte às adiposidades cerebrais!

Morte ao burguês-mensal!

Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiuguiri!

 

Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!

_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos?

_ Um colar… _ Conto e quinhentos!!!

 

_ Más nós morremos de fome!

 

Come! Come-te a ti mesmo, oh! Gelatina pasma!

Oh! Purée de batatas morais!

Oh! Cabelos na ventas! Oh! Carecas!

Ódio aos temperamentos regulares!

Ódio aos relógios musculares! Morte á infâmia!

Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados

Ódios aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,

sempiternamente as mesmices convencionais!

 

De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!

Dois a dois! Primeira posição! Marcha!

Todos para a central do meu rancor inebriante!

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!

Morte ao burguês de giolhos,

cheirando religião e que não crê em Deus!

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!

Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burguês!…

 

Expressionismo

Surgiu em 1910, na Alemanha, a partir de um trabalho iniciado  por Van Gogh(caricatura). Valoriza a materialização, numa tela ou numa folha de papel, de imagens nascidas no mundo interior do artista, ou seja, suas sensações no momento da criação, pouco importando os conceitos de belo e feio, mas sim a liberdade expressiva.  Apresenta um enfoque contrário ao Impressionismo, que valoriza a impressão, ou seja, um movimento de fora para dentro, uma forma subjetiva de perceber a realidade

Durante e depois da Primeira Guerra, o expressionismo assumiu um caráter mais social e combativo, interessando-se pelos horrores da guerra e  pelas condições de vida desumanas das populações carentes.

Na pintura expressionista brasileira, o principal nome é Anita Malfatti.     

Principais propostas do expressionismo: A ate não é imitação, mas criação subjetiva, livre,  é a expressão dos sentimentos; a realidade que circunda o artista é horrível, por isso ele a deforma ou a elimina, criando a arte abstrata; a razão se torna objeto de descrédito; a arte é criada sem obstáculos convencionais, o que representa um repúdio à repressão social.

Características do expressionismo na literatura: Linguagem fragmentada, elíptica, constituída por frases nominais (basicamente, aglomerados de substantivos e adjetivos), sem verbos e sem sujeito; despreocupação formal: sem rimas, sem estrofes, sem musicalidade; ideologicamente, os poetas expressionistas visam combater a fome, a inércia e os valores do mundo burguês.

 

 

 

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