SEMANA DE ARTE MODERNA - 1922
A Semana de Arte Moderna foi
uma manifestação artístico-cultural que ocorreu no Teatro Municipal de São
Paulo entre os dias 11 a 18 de fevereiro
de 1922.
O evento reuniu diversas
apresentações de dança, música, recital
de poesias, exposição de obras - pintura e escultura - e palestras.
Os artistas envolvidos
propunham uma nova visão de arte, a
partir de uma estética inovadora inspirada nas vanguardas europeias.
Juntos, eles visavam uma
renovação social e artística no país e que foi deflagrada pela "Semana de 22".
O evento chocou grande parte
da população e trouxe à tona uma nova visão sobre os processos artísticos, bem
como a apresentação de uma arte “mais
brasileira”.
Houve um rompimento com a
arte acadêmica, inaugurando assim, uma revolução estética e o Movimento
Modernista no Brasil.
Mário
de Andrade foi uma das figuras centrais e principal articulador da
Semana de Arte Moderna de 22. Ele esteve ao lado de outros organizadores: o
escritor Oswald de Andrade e o artista
plástico Di Cavalcanti.
Características
da Semana de Arte Moderna
Uma vez que o intuito
principal desses artistas era chocar o público e trazer à tona outras maneiras
de sentir, ver e fruir a arte, as características desse momento foram:
1)
Ausência de formalismo;
2)
Ruptura com academicismo e tradicionalismo;
3)
Crítica ao modelo parnasiano;
4) Influência das vanguardas artísticas
europeias (futurismo, cubismo, dadaísmo, surrealismo, expressionismo);
5)
Valorização da identidade e cultura
brasileira;
6)
Fusão de influências externas aos elementos
brasileiros;
7)
Experimentações estéticas;
8)
Liberdade de expressão;
9)
Aproximação da linguagem oral, com utilização
da linguagem coloquial e vulgar;
10) Temáticas
nacionalistas e cotidianas.
CONTEXTO HISTÓRICO
O PRESIDENTE eleito em 1922
foi ARTUR
DA SILVA BERNARDES, que disputou com Nilo Peçanha. Durante a Semana, o
presidente era EPITÁCO PESSOA. A
eleição de 1º de março só teve o resultado divulgado em 8 de junho;
Fim da primeira guerra;
Péssimas condições de
trabalho, greves;
Fundação do Partido
Comunista Brasileiro, dando voz aos trabalhadores;
Início da radiodifusão;
RESUMO
No centenário da
Independência do país, ocorrida em 1822, o Brasil passava por diversas
modificações sociais, políticas e econômicas (advento da industrialização, fim
da primeira guerra mundial, etc.).
Surge a necessidade de recorrer
a uma nova estética, e daí nasce a "Semana de Arte Moderna".
Ela esteve composta por
artistas, escritores, músicos e pintores que buscavam inovações estéticas. O
intuito era criar uma maneira de romper com os parâmetros que vigoravam nas
artes em geral.
A maioria dos artistas eram
descendentes das oligarquias cafeeiras de São Paulo, que junto aos fazendeiros
de Minas, formavam uma política que ficou conhecida como “Café com Leite”.
Esse fator foi determinante
para a realização do evento, uma vez que foi respaldado pelo governo de
Washington Luís, na época governador do Estado de São Paulo.
Além disso, a maioria dos
artistas, os quais possuíam possibilidades financeiras para viajar e estudar na
Europa, trouxeram para o país diversos modelos artísticos. Assim, unidos à arte
brasileira, foi se formando o movimento modernista no Brasil.
Com isso, São Paulo demonstrava (em confronto com o Rio de Janeiro) novos horizontes e uma figura de protagonismo na cena cultural brasileira.
Para Di Cavalcante, a semana de arte “seria uma semana de escândalos
literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha
paulista.”
Foi assim que durante três
dias (13, 15 e 17 de fevereiro) essa manifestação artística, política e
cultural reuniu jovens artistas irreverentes e contestadores.
O evento foi inaugurado pela
palestra do escritor Graça Aranha:
“A emoção estética da Arte Moderna”; seguido de apresentações musicais e
exposições artísticas. O evento estava cheio e foi uma noite relativamente tranquila.
No segundo dia, houve
apresentação musical, palestra do escritor e artista plástico Menotti del Picchia, e a leitura do
poema “Os Sapos” de Manuel Bandeira.
Ronald
de Carvalho fez a leitura, pois Bandeira encontrava-se
em uma crise de tuberculose. Nesse poema, a crítica à poesia parnasiana era
severa, o que causou indignação do público, muitas vaias, sons de latidos e relinchos.
Por fim, no terceiro dia, o
teatro estava mais vazio. Houve uma apresentação musical com mistura de
instrumentos, exibida pelo carioca Villa
Lobos.
Nesse dia, o músico subiu ao
palco vestindo casaca e calçando em um pé sapato e no outro um chinelo. O
público vaiou pensando que se tratasse de uma atitude afrontosa, mas depois foi
explicado que o artista estava com um calo no pé.
Alguns
artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922:
Mário de Andrade (1893-1945)
Oswald de Andrade
(1890-1954)
Graça Aranha (1868-1931)
Tarsila do Amaral
(1886-1973)
Victor Brecheret (1894-1955)
Plínio Salgado (1895-1975)
Anita Malfatti (1889-1964)
Menotti Del Picchia
(1892-1988)
Ronald de Carvalho
(1893-1935)
Guilherme de Almeida
(1890-1969)
Sérgio Milliet (1898-1966)
Heitor Villa-Lobos
(1887-1959)
Tácito de Almeida
(1889-1940)
Di Cavalcanti (1897- 1976)
Repercussão
da Semana de 22
A crítica ao movimento foi
severa, as pessoas ficaram desconfortáveis com tais apresentações e não
conseguiram compreender a nova proposta de arte. Os artistas envolvidos
chegaram a ser comparados aos doentes mentais e loucos.
Com isso, ficou claro que
faltava uma preparação da população para a recepção de tais modelos artísticos.
Monteiro
Lobato foi um dos escritores que atacou com veemência as ações
da Semana de 22.
Anteriormente, ele já havia
publicado um artigo criticando as obras de Anita Malfatti, em uma exposição da
pintora realizada em 1917.
“Há
duas espécies de artistas. Uma composta dos que vêem normalmente as coisas (..)
A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a natureza e
interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas
rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...) Embora
eles se dêem como novos, precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do
que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranóia e com a mistificação(...)
Essas considerações são provocadas pela exposição da senhora Malfatti onde se
notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido
das extravagâncias de Picasso e companhia.”
Desdobramentos
da Semana de 22
Após a Semana de Arte
Moderna, considerada um dos marcos mais importantes na história cultural do
Brasil, foram criadas inúmeras revistas, movimentos e manifestos.
A partir disso, diversos grupos de artistas se reuniam com o intuito de disseminar esse novo modelo. Destacam-se:
Revista Klaxon (1922)
Revista Estética (1924)
Movimento Pau-Brasil (1924)
Movimento Verde-Amarelo
(1924)
A Revista (1925)
Manifesto Regionalista
(1926)
Terra Roxa (1927)
Outras Terras (1927)
Revista de Antropofagia
(1928)
Movimento Antropofágico (1928)
Podemos também citar outros desdobramentos culturais que inspiraram-se nas ideias dos modernistas, como o Tropicalismo e a geração da Lira Paulistana, nos anos 70, e inclusive a Bossa Nova.
(Brasil Escola / Toda a
Matéria)
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