A SEGUNDA GERAÇÃO MODERNISTA BRASILEIRA: 1930 – 1945
A segunda geração modernista brasileira recebeu como herança todas as conquistas da primeira. Foi um período bastante fértil quanto a produção literária (poesia e prosa).
A par das pesquisas estéticas, a segunda geração amplia seu universo temático, incorporando preocupações relativas ao destino do homem, bem como ao “estar-no-mundo”.
Observamos um forte desejo de pesquisar nossa realidade social, espiritual e cultural. A arte mergulha fundo no tenso panorama ideológico da época.
Surge
um dos mais importante pintores
brasileiros, Cândido Portinari, que
a exemplo dos demais artistas da época, denuncia
as desigualdades da sociedade brasileira, bem como as conseqüências desse
desequilíbrio.
O
ensino da arquitetura foi renovado
no país, graças a nomeação de Lúcio
Costa para a direção da Escola
Nacional de Belas Artes. Em 1934, formou-se Oscar Niemeyer, que se tornou um dos maiores arquitetos do mundo.
A música erudita empenhava-se em alcançar
uma linguagem nacional, principalmente através de Camargo Guarniere, Guerra Peixe e Radmés Gnatalli. Em 1930, Villa-Lobos
começa a compor as Bachianas Brasileiras,
fundindo Bach ao nosso folclore. A música
popular apresenta um grande avanço qualitativo: Pixinguinha, Noel Rosa, Ary Barroso e Lamartine Barbo.
Em
1933, acontece a primeira encenação do teatro
brasileiro moderno com a peça O
bailado do deus morto, de Flávio de
Carvalho. Peça sem enredo tradicional, com elementos expressionistas e
surrealistas, é proibida pela polícia, que alega atentado ao pudor.
Data de
1929, o primeiro filme brasileiro
totalmente sonorizado – Acabaram-se os
Otários, de Luís de Barros. Na década de 40, várias obras da literatura
brasileira, consideradas clássicas, como O
Cortiço e Inocência, foram
filmadas pela primeira vez.
A Poesia da 2a Geração
Quanto a poesia dessa 2a fase, dois fatos devem ser considerados:
O amadurecimento da obra de autores da 1a
fase que continuam produzindo: Oswald de Andrade,
Mário de
Andrade, Manuel Bandeira e Cassiano Ricardo.
O surgimento de novos poetas: Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Cecília Meireles, Vinícius de Morais e Mário Quintana.
Surge, nesse período, uma poesia ausente na 1a
fase, de caráter espiritualista.
CARACTERÍSTICAS DA SEGUNDA GERAÇÃO
·
O
humor do poema-piada cede lugar a uma ironia mais refinada e sutil, adequada ao
grave momento humano.
·
Universalização
dos temas: preocupação quanto ao destino do ser humano;
·
Incorporação
definitiva do verso livre à nossa poesia, todavia, sem a obsessão da 1a
fase;
·
Ressurgimento
do soneto(forma fixa), porém com liberdade de expressão;
·
Regionalismo
(mais acentuado na prosa);
·
Poesia
lírico-amorosa.
CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGUNDA GERAÇÃO
MODERNISTA(https://www.portugues.com.br/literatura/geracao-1930)
Em 1929, com a quebra da bolsa de Nova Iorque, o preço do café brasileiro sofreu forte queda no mercado exterior. No ano seguinte, a Revolução de 1930 levou à deposição do presidente Washington Luís (1869-1957) e à ascensão de Getúlio Vargas (1882-1954), a princípio, em um governo provisório. Era o fim da política do café com leite, comandada pelos barões do café de São Paulo e pelos pecuaristas mineiros. Descontentes com a situação, os paulistas, em 1932, deflagraram a Revolução Constitucionalista e foram derrotados. Então, em 1934, com a promulgação da nova Constituição, Vargas manteve-se no poder.
A esquerda brasileira, no entanto, não se mostrou satisfeita com tal situação. Então, o presidente Vargas, para combater a oposição, conseguiu aprovar a Lei de Segurança Nacional (1935) e passou a perseguir os comunistas e também os artistas. Nesse contexto, apareceram nomes hoje importantes na história do comunismo brasileiro, como Luís Carlos Prestes (1898-1990) e a alemã Olga Benário (1908-1942). Mas Getúlio Vargas se fortaleceu ainda mais e, em 1937, deu um golpe de Estado e instituiu o Estado Novo, regime autoritário de cunho fascista.
Na Europa, o nacionalismo extremista permitiu
o fortalecimento do fascismo e do nazismo, o que acabou levando à Segunda
Guerra Mundial (1939-1945), que teve fim com o lançamento das bombas atômicas,
em agosto de 1945, em Hiroshima e Nagasaki. Portanto, foi nesse contexto de
extremismo, com torturas e assassinatos, além de perseguição e extermínio de
judeus, homossexuais e outros grupos, que a segunda geração modernista no
Brasil produziu as suas obras.
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