ADOLFO CAMINHA E SEU "BOM CRIOULO"
Adolfo Ferreira Caminha nasceu no dia 29 de maio de 1867 em Aracati, no Ceará. Sua infância não foi muito tranquila, pois ficou órfão de mãe muito cedo, com apenas 10 anos, no ano de 1877, mesmo ano em que o Nordeste foi assolado por uma terrível seca.
Após ficar órfão, foi com
seus cinco irmãos para Fortaleza, onde teve seus primeiros estudos; e seis anos
depois, em 1883, foi para o Rio, onde estudou na Escola Naval. Devido à
instituição ser conservadora e monarquista, lá revelou seus primeiros
sentimentos republicanos e abolicionistas, chegando ao extremo de, com apenas
17 anos, fazer um discurso na presença de D. Pedro II, declarando-se contra a
escravidão e o império. Mesmo assim formou-se na Escola Naval no ano de 1885,
como guarda-marinha.
Por volta de 1886 demonstra sua vocação de escritor através da publicação dos poemas “Vôos Incertos”. Em 16 de Dezembro de 1887 foi promovido a 2º tenente, mesmo ano em que publicou seu primeiro livro de contos. No ano seguinte, pede transferência para Fortaleza, provavelmente não por acaso, pois sabia que o Ceará já havia libertado os escravos, realidade que agradava aos seus ideais. Vem a se demitir do seu cargo na marinha no ano de 1890.
Em 1891 funda, em Fortaleza, a revista Moderna, e colabora para o Jornal do Norte. Em 1892, funda a "Padaria Espiritual", um movimento literário-político que acreditava na educação do povo para mudar o país, e publicava o jornal "O Pão".
No ano seguinte lança o romance “A Normalista”, de cunho naturalista, criticando a vida urbana em Fortaleza, capital cearense. Colabora também na imprensa carioca, na Gazeta de Notícias e no Jornal do Comércio.
Adolfo Caminha foi um dos
principais representantes do NATURALISMO
no Brasil, e sua obra se caracterizava por ser densa e trágica. Naturalmente
não foi muito bem aceita na época.
Em 1897, com apenas 30 anos,
atormentado pelas dificuldades econômicas e debilitado pela tuberculose, o
escritor vem a falecer. Deixa inacabados os romances: “Ângelo” e “O Emigrado”.
BOM
CRIOULO
Como toda obra que quebra com
os paradigmas de sua época, Bom Crioulo
foi recebido por público e crítica de forma silenciosa. Isso ocorreu devido à
presença de temas ousados como a homossexualidade entre militares e sexo entre
pessoas de diferentes etnias, temas que eram tabu ao final do século 19.
Na história de Bom Crioulo, o protagonista é Amaro, um
escravo que tem o objetivo de guiar seu destino após conseguir fugir de seu senhor.
Torna-se marinheiro e, desta forma, consegue ser livre. É descrito por Adolfo
Caminha como um homem de imponência muscular, mais forte do que os outros
marinheiros, benevolente e voluntarioso. Por esses adjetivos, é chamado de
"Bom Crioulo".
Por ter passado por
explorações nas fazendas em que trabalhou, o ex-escravo consegue adaptar-se
facilmente à disciplina exigida pela Marinha de Guerra. Porém, o Bom Crioulo
acaba se apaixonando por Aleixo, um louro de olhos claros que era um jovem
marinheiro iniciante na armada. Isso muda completamente o relacionamento de
Amaro com seus superiores. O marujo começa a beber, brigar e defender o homem
que ama, recebendo castigos pela má conduta. Aleixo, por sua vez, não parece
amar Amaro em reciprocidade, demonstrando apenas um sentimento de gratidão.
Após chegarem ao Rio de
Janeiro, Amaro consegue um quarto para dividir com Aleixo em uma pensão
coordenada por uma ex-prostituta, D. Carolina, que tinha sido salva de um
assalto devido à intervenção do Bom Crioulo. Os dois passam a viver de forma
matrimonial, mas devido à rigidez do capitão da embarcação de Amaro, que lhe
permite apenas uma folga ao mês, os amantes acabam vendo-se muito pouco e se
afastam. Neste momento, o jovem Aleixo se deixa seduzir por D. Carolina,
apaixonando-se por ela.
Após o afastamento de
Aleixo, Amaro começa a se embriagar em demasia, torna-se desequilibrado e
arruma confusões a todo momento. Por isso, acaba sendo enviado para um
hospital-prisão, onde fica abandonado e desesperado. Acaba sabendo da história
entre seu ex-amante e D. Carolina e, assim, foge da prisão para encontrá-lo. Ao
ver Aleixo nas cercanias da pensão, Amaro assassina-o com um golpe de navalha
no peito.
https://www.infoescola.com/biografias/adolfo-caminha/
Comentários
Postar um comentário