O CORTIÇO - RESUMO
O
Cortiço é um romance do escritor brasileiro Aluísio de Azevedo. Foi publicado em 1890 e faz parte do movimento
naturalista do Brasil.
A obra retrata a vida das
pessoas simples em um cortiço (habitação coletiva) do Rio de Janeiro.
Com um teor crítico,
trata-se de uma exímia representação da realidade brasileira do século XIX.
Personagens
da obra
João
Romão: português dono do cortiço, da venda e da pedreira.
Bertoleza:
escrava amante de João Romão que trabalha para ele.
Miranda:
português burguês casado com Estela e que vive ao lado do cortiço.
Estela:
esposa infiel do português Miranda.
Zulmira:
filha de Estela e de Miranda, além de esposa de João Romão.
Jerônimo:
português que administra a pedreira de João Romão. Tem um caso com Rita Baiana.
Rita
Baiana: mulata sedutora que vive no cortiço. Teve um caso com
Firmo, e mais tarde se envolveu com o português Jerônimo.
Piedade:
esposa de Jerônimo que ao descobrir sua traição com Rita Baiana, entrega-se ao
alcoolismo.
Firmo:
amante de Rita Baiana, morto pelo português Jerônimo.
Pombinha:
moça bonita, discreta e educada que se prostitui por influência da prostituta
Léonie.
Libório:
habitante miserável e solitário do cortiço, vivia como um mendigo.
Estrutura
da obra
Composta de 23 capítulos, O Cortiço apresenta um
narrador onisciente (aquele que sabe de toda a história), sendo narrado em
terceira pessoa.
O tempo da narrativa é linear (começo, meio e fim), seguindo o tempo cronológico dos acontecimentos.
O local em que se desenvolve
a trama representa o coletivo, tema explorado pela escola naturalista.
Na obra, o cortiço torna-se
o personagem principal, espaço personificado em diversas passagens do livro.
Além do cortiço, há momentos
em que a história se passa na pedreira e na taverna de João Romão. Nalguns
momentos é citado o sobrado da classe burguesa, no bairro do Botafogo.
De tal modo, personagens
burgueses se misturam com a vida simples dos habitantes do cortiço.
Repleto de descrições, o
romance explora as características físicas e o comportamento de seus
personagens, marcados pela degradação (moral, espiritual e física) e ambição.
Um exemplo é a animalização
dos personagens, revelada sobretudo, pelos instintos sexuais.
Resumo
da 0bra
Dono do Cortiço, João Romão
é um português ambicioso que explora seus empregados. Além de proprietário da
habitação coletiva, ele é dono de uma pedreira e uma taverna.
Ainda que não seja o
personagem principal da trama, muitas passagens do romance revelam sua ascensão
social.
Ao mesmo tempo, é demonstrada
a degradação social dos menos favorecidos que vivem no cortiço.
Ao lado do cortiço aparece o
sobrado aristocrático, em que vive o burguês Miranda, comerciante de tecidos,
casado com Estela. Eles vivem um casamento infeliz, e Estela o trai sempre.
Miranda demonstra-se
incomodado com o crescimento do cortiço e por esse motivo, entra em rivalidade
com João Romão.
No entanto, com o intuito de
ter um status social parecido com de seu rival, João Romão casa-se com a filha
de Miranda e Estela: Zulmira. A partir daí, ele consegue alcançar melhores
condições sociais.
João Romão tem uma escrava chamada Bertoleza. Ele forjou uma carta de alforria para ela, que por fim, torna-se sua amante e passa a trabalhar para ele.
Entretanto, após seu
casamento Romão entrega sua escrava fugitiva. Desiludida com essa ação,
Bertoleza se mata.
No cortiço, a vida é simples
e dura. Grande parte do enredo retrata a vida de seus moradores e de seus
envolvimentos. Rita baiana é uma mulata de grande carisma e que conhece todos
os moradores da habitação coletiva.
De natureza sedutora, teve
um envolvimento com Firmo e mais tarde, com o português Jerônimo. Esse
envolvimento, levou ao assassinato de Firmo.
Jerônimo é um homem honesto
que trabalha na pedreira de João Romão. É casado com a portuguesa Piedade e
juntos têm uma filha.
Após se envolver com a
sedutora Rita Baiana, sua esposa descobre a relação e começa a beber.
Enciumado pelo envolvimento
anterior que Rita teve com Firmo, Jerônimo resolve assassinar seu rival. Por
fim, Jerônimo abandona sua família para ficar com Rita.
O incêndio no cortiço foi um
dos fatores principais para que muitos moradores se transferissem para outro
cortiço, o “cabeça-de-gato”. Com isso, o local foi reformado e a avenida
recebeu o nome de “Avenida São Romão”.
Análise
da obra
A obra O Cortiço é a mais
emblemática do movimento naturalista no Brasil. A grande questão levantada pelo
escritor esteve relacionada com o meio, a raça e a história.
Assim, a degradação e a
decadência do ser humano pode ser explicada pela mistura de raças, que, segundo
Aluísio, levam à promiscuidade. Ademais, o meio influencia diretamente o
comportamento de seus personagens.
A desigualdade social é um
tema muito explorado, o qual é reforçado por meio das diferenças sociais e
históricas dos indivíduos envolvidos. Trata-se, portanto, de um retrato
revelador da sociedade brasileira em meados do século XIX.
A busca pela ascensão dos
personagens demonstra a ambição deles, envolvidas em questões superficiais.
Ainda que tenha sido escrita em fins do século XIX, até os dias de hoje podemos
notar essa postura de busca de ascensão social na sociedade brasileira.
Trechos
da obra
“João Romão foi, dos treze
aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro
paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e
tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o
patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a
venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.”
(Capítulo I)
“E durante dois anos o
cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao
lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida,
aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa,
por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes,
minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o
solo e abalando tudo.” (Capítulo II)
“Eram cinco horas da manhã e
o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e
janelas alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada
sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as
derradeiras notas da ultima guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz
loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra
alheia.” (Capítulo III)
“Agora, na mesma rua, germinava
outro cortiço ali perto, o “Cabeça-de-Gato”. Figurava como seu dono um
português que também tinha venda, mas o legitimo proprietário era um abastado
conselheiro, homem de gravata lavada, a quem não convinha, por decoro social,
aparecer em semelhante gênero de especulações.” (Capítulo XIII)
“Ao mesmo tempo, João Romão,
em chinelas e camisola, passeava de um para outro lado no seu quarto novo. Um
aposento largo e forrado de azul e branco com florinhas amarelas fingindo ouro;
havia um tapete aos pés da cama, e sobre a peniqueira um despertador de níquel,
e a mobília toda era já de casados, porque o esperto não estava para comprar
móveis duas vezes.” (Capítulo XXI)
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