O CLASSICISMO NA LITERATURA PORTUGUESA

 

O Classicismo corresponde a um movimento artístico cultural que ocorreu durante o período do Renascimento (a partir do século XV) na Europa.

O nome do movimento que marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, faz referência aos modelos clássicos (greco-romano).

No campo da literatura, Classicismo é o nome dado aos estilos literários que vigoravam no século XVI, na época do Renascimento. Por isso, a produção desse período também é chamada de Literatura Renascentista.

 

Contexto Histórico

Na Idade Média, período que durou dez séculos (V ao XV), o principal atributo da sociedade era a religião.

Esse momento esteve marcado pelo teocentrismo, cujo lema eram os dogmas e preceitos da Igreja Católica, que cada vez mais adquiria fiéis.

Assim, pessoas que estivessem contra ou questionassem esses dogmas, eram excomungados, além de sofrer alijamento da sociedade, ou em último caso, a morte.

O humanismo, que surgiu a partir do século XV na Europa, começou a questionar diversas posturas da igreja, uma vez que o cientificismo despontava.

Muitos estudiosos foram capazes de propor novas formas de análise do mundo e da vida, que estivessem além do divino. Ou seja, apresentavam questões baseadas na racionalidade humana e no antropocentrismo (homem no centro do mundo).

Esse momento esteve marcado por grandes transformações e descobertas históricas:

- as Grandes Navegações;

- a Reforma Protestante (que levou a uma crise religiosa) encabeçada por Martinho Lutero;

- a invenção da Imprensa pelo alemão Gutenberg;

- o fim do sistema feudal (início do capitalismo);

- o cientificismo de Copérnico e Galileu.

Foi nesse contexto que as pessoas buscavam novas expressões artísticas pautadas no equilíbrio clássico.

 

Assim, surgiu o renascimento cultural, período de grandes transformações artísticas, culturais, políticas e que espalhou-se por todo o continente europeu.

 

Classicismo em Portugal

Em Portugal, o Classicismo compreende o período literário do século XVI (entre 1537 e 1580). O marco inicial do movimento foi a chegada do poeta Francisco Sá de Miranda à Portugal.

Ali, ele se inspirou no Humanismo italiano, trazendo uma nova forma de poesia: o “dolce stil nuevo” (Doce estilo novo).

Esse novo modelo estava baseado na forma fixa do soneto (2 quartetos e 2 tercetos), nos versos decassílabos e na oitava rima.

Além de Sá de Miranda merecem destaque os escritores portugueses classicistas:

Bernardim Ribeiro (1482-1552), com sua novela “Menina e Moça” (1554);

António Ferreira (1528-1569), com sua tragédia “A Castro” (1587).

No entanto, foi a partir de Luís Vaz de Camões, um dos maiores poetas portugueses e da literatura mundial, que a literatura portuguesa ganha notoriedade.

Sua grande obra "Os Lusíadas” (1572), é uma epopeia classicista onde ele narra a viagem de Vasco da Gama às Índias. Ela foi escrita em 10 cantos e está composta de 8816 versos decassílabos em oitava rima distribuídos em 1120 estrofes.

O Classicismo em Portugal permaneceu até 1580. Esse é o ano da morte de Camões e também da União das Coroas Ibéricas, aliança estabelecida até 1640 entre Espanha e Portugal.

Obs: No Brasil, esse período literário ficou conhecido como Quinhentismo.

 

Características do Classicismo

As principais características do classicismo são:

 

- Antiguidade clássica

- Antropocentrismo

- Humanismo

- Universalismo

- Racionalismo

- Cientificismo

- Paganismo

- Objetividade

- Equilíbrio

- Harmonia

- Rigor formal

- Mitologia greco-romana

- Ideal platônico e de beleza

 

https://www.todamateria.com.br/classicismo/

 

TEXTO 01: Luiz Vaz de Camões – aqui, o autor trata do sentimento amoroso como uma entidade superior, universal e não como  uma experiência pessoal.

 

Amor é fogo que arde sem se ver;                     

É ferida que dói e não se sente;             

É um contentamento descontente;                    

É dor que desatina sem doer;

 

É um querer mais que bem querer;                   

É solitário andar por entre a gente;        

É nunca contentar-se de contente;                   

É cuidar que se ganha em se perder;

 

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

 

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

 

 

TEXTO 02: Luiz Vaz de Camões

 

Sete anos de pastor Jacó servia             

Labão, pai de Raquel, serrana bela;      

Mas não servia ao pai, servia a ela,       

E a ela só por prêmio pretendia.

 

Os dias, na esperança de um só dia,    

Passava, contentando-se com vê-la;     

Porém o pai, usando de cautela,            

Em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos

Lhe fora assim negada a sua pastora,

Como se a não tivera merecida,

 

Começa  de servir outros sete anos,

Dizendo: - Mais servira, se não fora

Para tão longo amor tão curta a vida!

 

 

TEXTO 03: MONTE CASTELO – Renato Russo

 

Ainda que eu falasse a língua dos homens    

E falasse a língua dos anjos,                  

Sem amor eu nada seria.                         

É só o amor, é só o amor                          

Que conhece o que é verdade               

O amor é bom, não quer o mal                

Não sente inveja ou se envaidece.                   

Amor é fogo que arde sem se ver                      

É ferida que dói e não se sente              

É um contentamento descontente                     

É dor que desatina sem doer.                 

Ainda que eu falasse a língua dos homens    

E falasse a língua dos anjos,                  

Sem amor eu nada seria.                         

É um não querer mais que bem querer

É solitário andar por entre a gente                     

É um não contentar-se de contente

É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade

É servir a quem vence, o vencedor;

É um ter com quem nos mata lealdade.

Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem,

Todos dormem, todos dormem

Agora vejo em parte

Mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua

Dos homens e falasse a língua

dos anjos,

Sem amor eu nada seria.

 

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Programa de Literatura para o Ensino Médio

QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA

Literatura - 1o ano